ROMA, 29 MAI (ANSA) – Embora ainda mantenha seu anonimato, a escritora italiana Elena Ferrante quebrou um silêncio de meses e falou com o jornal “The New York Times” sobre a série “The Neapolitan Novels”, adaptação para a TV de sua célebre tetralogia napolitana.   

O seriado está sendo produzido pela emissora pública “RAI” e pela rede norte-americana “HBO” e é dirigido por Saverio Costanzo, com a previsão de quatro temporadas – uma para cada livro – de oito episódios.   

Ferrante não participa diretamente da produção, já que diz não ter as “capacidades técnicas para fazê-lo”, mas manda sugestões sobre as locações e o roteiro. “Leio os textos e envio notas detalhadas. Não sei se levarão em conta, mas é muito provável que as usem mais para frente”, contou a escritora, que concede raras entrevistas e sempre por email.   

A autora afirmou que é uma “mudança radical” ver sua obra se tornar uma série de TV – ela tem dois livros adaptados para o cinema -, já que o mundo dos telespectadores é “muito mais vasto” que o dos leitores. “Os personagens encontram pessoas que nunca leram sobre eles e que, por circunstâncias sociais ou por escolha, nunca o fariam. É um processo que me intriga”, acrescentou.   

Ferrante tem a expectativa de que a série provoque “emoções autênticas e sentimentos complexos e contraditórios”, principalmente em relação a Nápoles, a conturbada cidade onde se passa boa parte da saga iniciada em “A amiga genial”.   

“Quanto à fidelidade ao livro, espero que seja compatível com a necessidade da história visual, que usa diferentes instrumentos para obter os mesmos efeitos”, ressaltou a escritora, que descartou comparações com um dos maiores sucessos da “HBO”, a série “Game of Thrones”. “Infelizmente, [‘A amiga genial’] não oferece os mesmos recursos narrativos”, brincou.   

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A chamada tetralogia napolitana de Ferrante é formada pelos livros “A amiga genial”, “História do novo sobrenome”, “História de quem foge e de quem fica” e “História da menina perdida”, todos já lançados no Brasil.   

A série conta a história de duas amigas da periferia de Nápoles, Lenù (apelido de Elena) e Lila, escrita pela primeira após o desaparecimento da segunda. A narrativa começa com Lenù recebendo a notícia de que Lila, já idosa, havia sumido sem deixar rastros, cumprindo um antigo desejo.   

Irritada, ela decide relatar toda a trajetória de sua amizade, desde a primeira infância até a velhice. Como pano de fundo, Ferrante descreve as tensões enfrentadas pela Itália e por Nápoles no pós-Guerra, como os anos de chumbo, o fascismo, o comunismo e o crescimento da Camorra, e a tentativa das duas amigas, cada uma a seu modo, de se libertarem da vida de miséria, exploração e violência à qual nasceram condenadas.   

(ANSA)


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