Poda de árvore, tapa-buraco e remoção de veículos abandonados em via pública estão entre as principais reclamações feitas por cidadãos paulistanos ao canal 156, da Prefeitura de São Paulo. Todas elas se referem a problemas de zeladoria urbana, um dos carros-chefe da gestão João Doria (PSDB). Dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação mostram que entre novembro do ano passado, quando os números começaram a ser compilados pelo poder público, e março deste ano, o número total de registros não atendidos chega a 698,3 mil, alta de 17%. Ao todo, a Prefeitura deixa de atender quase metade dos pedidos feitos. De 264.690 solicitações feitas desde novembro até o fim de março, 117.966 (54%) foram atendidas).

O aposentado Paulo Rinaldi, de 75 anos, pede desde o início de janeiro a poda de uma árvore na rua Juca Floriano, na Casa Verde, zona norte da capital. “Ela tem diversos galhos podres com mais ou menos 20 centímetros, tudo comido por cupim. Já fizemos reclamação por escrito para a Prefeitura e para a Defesa Civil. Os galhos estão no meio da rua, balançando. Se cair em cima de uma pessoa, vai morrer ou machucar gravemente”, conta.

O problema é alvo de proposta de Doria em discussão na Câmara Municipal. Para reduzir o tempo de espera para remoção ou poda, que pode passar de um ano, a Prefeitura propõe que os próprios moradores possam contratar e pagar pelo serviço, que hoje é exclusivo da Prefeitura. Quem é flagrado desrespeitando a norma paga multa de R$ 10 mil, além de responder por crime ambiental.

A Prefeitura atribui a demanda à gestão anterior, de Fernando Haddad (PT), o que é refutado por sua assessoria. Diz ainda que vem adotando medidas para melhorar os serviços na cidade (Leia mais nesta página).

A advogada Sônia Amaro, da Proteste – Associação de Consumidores, diz que a entidade já entrou com ação contra a Prefeitura pedindo agilidade nos atendimentos. “Se o cidadão reclama com a Prefeitura, ela joga para a Eletropaulo. E a Eletropaulo joga para a Prefeitura”, afirma.

Outras reclamações

Os pedidos de tapa-buraco estão na vice-liderança das reclamações não atendidas: 64,7 mil. Também são comuns os casos de remoção de veículo abandonado em via pública (42,2 mil), calçadas irregulares (20,3 mil) e recapeamento (18,8 mil). Os dados de março não representam pedidos feitos no mês, mas sim o acúmulo desde novembro.

Em ruas percorridas pela reportagem, a principal reclamação dos cidadãos é sobre a falta de manutenção e zeladoria constante na cidade. O entendimento dos moradores é de que as reclamações funcionam, ainda que fora do prazo ideal, mas de que deveria haver mais proatividade da Prefeitura para evitar os problemas antes que aconteçam.

A Avenida Casa Verde, na zona norte, acumula problemas. No cruzamento com a Rua Águas Virtuosas há mato alto em quase metade do quarteirão, ao lado de um ponto de ônibus . “Aqui é um lugar abandonado. Eles só lembram na época das eleições”, reclama a doméstica Miriam Teixeira Leão, de 59 anos. No cruzamento com a Rua Dr. Jorge Brand, o problema são as calçadas irregulares. “Eles até arrumam, mas logo aparece outro buraco. É muito comum as pessoas se machucarem por aqui”, diz a dona de casa Neide de Oliveira, de 75 anos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.