BOLSA FAMÍLIA Osmar Terra quer reajuste; Planejamento, não (Crédito:Divulgação)

Segue travada uma queda de braço entre setores do governo Michel Temer. O ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, tem encontrado semanalmente o presidente para tentar convencê-lo a realizar o reajuste do Bolsa Família. Pelas contas de Terra, há espaço fiscal no orçamento da pasta para aumentar o benefício a 1% acima da inflação. Segundo ele, foi indicado que o novo valor, que já havia sido previsto para ser pago a partir de julho, pode sair em setembro ou outubro. Procurados, interlocutores do Palácio do Planalto não confirmam. Ao contrário, dizem não haver o menor sentido em aumentar impostos, como aconteceu com o que incide sobre a gasolina, para depois abrir os cofres. “Se acontecer, certamente não será neste ano”, disse um assessor de Temer.

…de braço
O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, está se posicionando contra este reajuste de maneira ainda mais contundente que o próprio Ministério da Fazenda, de Henrique Meirelles. Resta agora saber se a turma do contingenciamento não vai aproveitar essa “folga” no orçamento do Desenvolvimento Social para passar-lhe a tesoura.

Sonho meu
Nos planos do ministro Osmar Terra, a ideia era Temer concluir o seu mandato em 2018 devolvendo todas
as perdas que os beneficiários do programa tiveram com os dois últimos anos da gestão Dilma Rousseff. A petista sequer corrigiu os valores da inflação, causando perda de cerca de 25% do poder de compra dos que recebem o auxílio.

Primeiros passos

O programa Criança Feliz começou a fazer as primeiras visitas nesta semana. O programa, que tenta ser a marca social desta gestão, esteve em uma aldeia indígena em Tocantínia, no Tocantins. O ministro Osmar Terra planeja ir pessoalmente a um desses atendimentos na Ilha de Marajó, no Pará. Mas, por enquanto vai só, pois a madrinha do projeto, a primeira-dama Marcela Temer, vai se manter longe dos holofotes.

Rápidas

* Em meio a forte pressão dos produtores brasileiros de etanol para taxar em 20% o álcool importado dos EUA, ministros estão fechando um formato híbrido para resolver a questão.

* Após três horas de reunião na Camex, a Câmara de Comércio Exterior, saiu a decisão em votação apertada. Vai ser criado um teto para que o etanol americano seja importado sem nenhum imposto a mais. Acima de determinado patamar, passaria a haver taxação.

* Ainda está sendo discutida a altura deste teto: uns querem 500 toneladas ao ano, outros, mil. Entre janeiro e junho deste ano, já foram importadas cerca de 1.200 toneladas do produto americano. O valor da alíquota também ainda está em discussão.

* O acordo marítimo do Brasil com o Chile, no que depender do governo brasileiro, vai vigorar apenas até 2020. A ideia era que passados cinco anos, este pacto fosse renovado por igual período de tempo. Mas isso não irá acontecer.

Retrato falado

“A partir do que está ocorrendo, vai se acelerar o julgamento do Supremo” (Crédito:Divulgação)

O advogado Sérgio Montenegro é o autor da representação ao Ministério Público que motivou a Procuradoria-Geral da República a abrir, já em 2015, uma ação no STF contra a mudança do imposto dos combustíveis por decreto. “Com certeza, o Supremo já deveria ter se manifestado”, disse à ISTOÉ.

O caso está parado com o ministro Dias Toffoli. Ele lembra que, em 30 de maio do ano passado, a 15ª Vara Federal de Brasília havia declarado essa prática inconstitucional.

Toma lá dá cá

José Serra (PSDB-SP), senador

Qual avaliação o senhor faz da política econômica do governo?
A curto prazo estão cometendo dois equívocos.

O senhor está falando do aumento de impostos que impactou na gasolina e sobre a política de juros?
O primeiro, sim, o aumento de impostos. O principal fator do déficit público primário no Brasil tem sido a queda da arrecadação, que é causada pela retração da atividade econômica. Ora, aumentar imposto vai acentuar essa retração, que, por sua vez, vai prejudicar a arrecadação. No final, as coisas ficam piores. Segundo, a pretensão de elevar os juros do BNDES para financiamento de investimentos. Não faz sentido, pois dificulta a recuperação da economia, devido ao adiamento de projetos, e não traz de fato nenhuma melhora do quadro fiscal.

O que o senhor aconselharia o presidente a fazer?
Em ambos os casos, é só não fazer.

Agenda de Estado

O prefeito de São Paulo, João Doria, que está fazendo um roadshow pela China para tentar atrair investimentos para a cidade, reuniu-se com diretores do Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como Banco dos Brics, em Xangai. Convidou-os para abrir um escritório regional da instituição na capital paulista. Ofereceu apoio inclusive para auxiliar na captação de recursos em real, pois o banco começa a fazer empréstimos em vários países utilizando moeda local, a fim de evitar eventuais problemas provenientes da variação do câmbio. A oferta soou bem. Agora, Doria articula viagem para Doha, no Catar, para buscar investidores.

Divórcio…

A empresa Caiena Multimídia está encerrando o contrato com o escritório de advocacia de Cristiano Zanin, o advogado de Lula. A cia de comunicação estava atuando desde o início da crise da família Lula, no caso de Luis Cláudio na Operação Zelotes, na condução coercitiva do ex-presidente e depois nas denúncias que ele passou a responder.

Divulgação

…amigável

Segundo a coluna apurou, não houve problema diretamente entre a Caiena Multimídia e o cliente. O que aconteceu foram divergências nas estratégias de comunicação idealizadas pelo escritório de advocacia de Cristiano Zanin e pela assessoria. Cada um entendia que o tratamento à imprensa deveria ser de um jeito.

Estatísticas de Moro

Gisele Pimenta

Em 51 casos, o juiz Sergio Moro condenou acusados de corrupção passiva com penas médias de 5,83 anos de cadeia. Quem foi condenado por pagar propina (corrupção ativa) teve uma punição um pouco menor: 5,22. Foram só 33 condenações nesse crime, aponta levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV)