Mundo/Crise econômica  2008

Assim que concluiu sua graduação na London School of Economics, em julho de 2007, Blue Macellari foi trabalhar no Lehman Brothers. Em 16 de setembro de 2008, ela estamparia a capa de vários jornais do mundo: no dia anterior, o banco de investimentos quebrara, dando origem a maior crise econômica mundial desde 1929. “Eu estava muito brava com a situação”, diz Blue, que tinha 30 anos à época. Os fotógrafos, que esperavam uma cena simbólica para ilustrar a quebra, acharam um prato cheio quando seu noivo a abraçou e ela, parecendo desolada, levou as mãos aos olhos que lacrimejavam.

Hipotecas de risco

Um dos bancos de investimento mais tradicionais dos EUA, com 158 anos de existência, o Lehman era considerado grande demais para quebrar. Porém, sua carteira de ativos estava ancorada em empréstimos hipotecários de altíssimo risco, o subprime. Com o estouro da bolha do crédito imobiliário, passou a ter prejuízos bilionários. O governo americano, que já havia ajudado no resgate do Bear Stearns e estatizou as grandes empresas de crédito imobiliário Fannie Mae e Freddie Mac, resolveu dar um limite ao socorro. A quebra foi inevitável.

Imediatamente houve um efeito dominó pelo mundo. Muitos países desenvolvidos, ao tentar salavr suas instituições financeiras, endividaram-se aprofundando a crise. No Brasil, os principais efeitos foram sentidos em empresas como Sadia e Aracruz, que tiveram perdas bilionárias com instrumentos financeiros cambiais. “Oito anos depois, ironicamente, houve a consolidação dos bancos e eles estão novamente grandes demais para quebrar”, afirma Blue.

“Ironicamente, oito anos depois, os bancos estão mais uma vez grandes demais para quebrar” Blue Macellari, 38 anos, ex-funcionária do Lehman Brothers
“Ironicamente, oito anos depois, os bancos estão mais uma vez grandes demais para quebrar”
Blue Macellari, 38 anos, ex-funcionária do Lehman Brothers