Renegade e Golf Variant

Os consumidores brasileiros foram em massa para os primos dos SUVs e fizeram esse nicho sobreviver com menos dificuldade na crise econômica. Mas até que ponto vale a pena comprar um crossover? Será que eles realmente são superiores aos automóveis de passeio tradicionais? Será que os consumidores não estão sendo apenas emocionais em suas escolhas? Para tirar essa dúvida, coloquei cara a cara o Jeep Renegade Longitude 1.8 Flex (R$ 90.490) e o Volkswagen Golf Variant Comfortline 1.4 (R$ 96.750).

O Renegade é o mais “SUV” dos novos crossovers. Por isso, preferi escolher a versão topo de linha com motor flex 1.8 (Longitude) para concorrer com o Golf Variant, que chegou para ressuscitar o mercado de peruas. A versão escolhida foi a Comfortline automática. Embora a diferença entre eles seja de R$ 6.260 (pró Jeep), os dois carros têm proposta semelhante: familiar com apelo esportivo. Com câmbio manual, o Golf Variant fica R$ 740 mais barato que o Renegade Longitude automático.

Dos equipamentos mais importantes para uma família, ambos já vêm com câmbio automático (automatizado de dupla embreagem no Volks) e sensor de estacionamento (com câmera de ré no Jeep), isofix, controle de tração/estabilidade (mais anticapotamento no crossover) e assistente de partida em subida. A perua tem ainda airbags laterais (opcional de R$ 3.250 no Renegade) e sistema start-stop (bem que o crossover precisava). O teto solar panorâmico é opcional em ambos: custa R$ 6.800 no Jeep e R$ 5.929 no Volkswagen.

A grande vantagem do Renegade é já vir com navegador. No Golf Variant ele faz parte do pacote Exclusive, que custa R$ 9.645. Para compensar, a perua tem bloqueio do diferencial e um porta-malas duas vezes maior: 605 litros contra apenas 260. Menos mal que, com os bancos rebatidos, o bagageiro do Renegade chega a 1.300 litros (lembrando que o da perua também rebate). O Golf Variant tem motor mais econômico (nota B), mais potência (8/10 cv extras), maior torque (25,5 kgfm a 1.500 rpm contra 18,6/19,0 kgfm a 3.750 rpm) e excelente dinâmica para quem gosta de dirigir rápido.

O Renegade 1.8, entretanto, mostra-se muito mais prático de ser usado na cidade – é mais fácil de estacionar, não raspa o tempo todo nas depressões do piso, oferece uma posição de dirigir bastante elevada, tem o banco traseiro 4 cm mais largo (132 cm) e maior abertura das portas de trás (64 cm contra apenas 54 cm). A perua Variant, surpreendentemente, é mais alta do assento do banco traseiro ao teto (95 cm contra 90 cm). Como o motor 1.8 flex do Renegade não é tão eficiente quanto o 1.4 TSI a gasolina (turbo com injeção direta), a Jeep regulou sua melhor performance para pouca pressão no pedal do acelerador.

Na cidade, em baixas velocidades, isso funciona bem. Basta pegar uma estrada, porém, para o Renegade se tornar um carro cansativo de dirigir, pois é preciso ficar o tempo todo pisando forte no acelerador. Por ser mais baixo, mais veloz e carregar mais bagagem, o Golf Variant é muito superior em estradas de piso bom e é a melhor escolha para quem viaja bastante. Mas o mercado do Renegade é infinitamente maior. Portanto, as baixas vendas da perua podem ser um mico… ou exclusividade!

Carro por carro, a perua é superior ao crossover – anda mais, consome menos e leva muita bagagem. Entretanto, por ter se saído melhor no dia-a-dia, ter um preço mais acessível e já vir com navegador e câmera de ré, o Renegade pode ser escolhido sem medo por quem privilegia o uso urbano. Mas, se for rodar bastante na estrada, não vale a pena comprar o crossover!