O sentimento religioso é algo próprio da capacidade humana de se organizar. No privado pode oferecer uma sensação importante de sentido da vida, enquanto no social oferece uma perspectiva de pertencimento a algo maior. Mas a onipresença religiosa na sociedade pode acabar acarretando problemas que muitas vezes são varridos para debaixo do tapete. No nível individual, não são poucas as neuroses e doenças que têm na religião a sua raiz.

Algo que acontece desde cedo conforme uma determinada religião se impõe a um indivíduo ainda na infância. Quanto para uns se mantém como um meio apropriado de pertencimento e conforto, para outros vai evoluindo como uma amarra opressiva que impede o indivíduo de se auto descobrir. Entender as amarras religiosas pode ajudar a “encontrar meios de desmantelar o próprio superego e, com isso, livrar-se das neuroses e das mazelas psíquicas tão recorrentes na atualidade, como depressão, bipolaridade, ansiedade etc”, explica o psicanalista Felipe Chaves.

Felipe coloca luz sobre o problema no primeiro volume de sua série de e-books ‘Neuroses’. Esse primeiro tomo se chama ‘Doenças oriundas da Religião’ e aborda exatamente as perspectivas que a psicanálise traz para lidar com os referidos problemas.

“O objetivo da psicanálise é destituir os modelos tradicionalistas de educação, pois perpetuam a moral que adoece. Enquanto o objetivo da psicologia é diagnosticar, o da psicanálise é livrar o indivíduo do diagnóstico e, como consequência, trazer o alívio de seu sofrimento”, esclarece Felipe.

A abordagem da religião é conveniente assim para tratar tanto dos temas diretos sobre o assunto, como também surge como uma boa introdução a outras neuroses mais profundas na sociedade moderna. Assim, oferece ao indivíduo a possibilidade de confrontar os demônios que a sociedade implanta no inconsciente.