Depois de atender 1,5 mil crianças e adolescentes carentes e enviar dois alunos à Escola Bolshoi, na Rússia, e três ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o Projeto Vidançar foi obrigado a deixar o local onde funciona há oito anos no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro. Sem ajuda financeira, o projeto agora pede ajuda para continuar a atender 200 crianças e jovens da comunidade.

A gestora do projeto, Ellen Serra, explica que o grupo está sem patrocínio desde janeiro e que o aluguel da sala onde funcionava dobrou. “Nós estávamos no espaço na Nova Brasília havia dois anos. Era um lugar legal, de fácil acesso aos moradores e aos visitantes, bem na entrada da comunidade. Só que a proprietária dobrou o valor do aluguel, de R$ 1,5 mil para R$ 3 mil, inviabilizando a gente de pagar porque estamos sem recurso nenhum”, declara.

Segundo Ellen, a situação do projeto é dramática. Eles nem têm recursos para pagar os professores enquanto o novo apoio financeiro não sair. “Conseguimos um apoio da Secretaria Municipal de Cultura, mas só vai começar a entrar em julho”, explica. De acordo com ela, essa ajuda será suficiente para pagar apenas três professores e um funcionário.

O projeto negociou um espaço novo, no Centro de Referência da Juventude, que funciona no Alemão. No entanto, ainda é necessário equipar a sala para as atividades de dança. “Nós vamos para lá na terça-feira, vamos começar mesmo sem os equipamentos para não parar as atividades, e a gente vai captar recursos para poder instalar o espelho, as barras, o piso, todo o material necessário para as aulas”, acrescenta.

Vaquinha

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A captação está sendo feita por meio de uma “vaquinha virtual”. O Projeto Vidançar oferece aulas de balé clássico e contemporâneo para a faixa de 4 a 18 anos e de hip hop e dança de rua para crianças e jovens de 6 a 23 anos, além de aulas de teatro.

Aos 8 anos, Maria Eduarda Silva Macedo, descobriu a paixão pelo balé no projeto. “O projeto Vidançar é muito importante pra mim. Foi lá que descobri que amo balé e aprendi e aprendo a dançar através dos professores. Eu sei que é muito importante para muitas crianças também, por isso não podemos deixar acabar”, diz.

Matheus Correia, de 17 anos, faz hip hop e viu no projeto a oportunidade de que precisava para alcançar o sonho de dançar profissionalmente. “Eu nunca tive acesso à dança em qualquer outro lugar, porque as escolas eram pagas. Mas sempre tive esse sonho de poder dançar, em qualquer lugar que fosse, para que eu pudesse desenvolver o meu sonho. O projeto Vidançar estava se apresentando na minha escola, daí eu encontrei eles e fui começar a fazer as aulas. Conheci meu professor e daí comecei a desenvolver o meu talento”, recorda.

Matheus é um dos dançarinos que participou hoje (27) do espetáculo Os Opostos se Atraem, que fala da dualidade entre balé e hip hop, onde as diferenças podem transformar-se em grande aprendizado e soma. A apresentação única, na Cidade das Artes, foi a primeira do grupo em um palco profissional.

*Colaborou Cynthia Pereira, repórter do Radiojornalismo EBC


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