Com o avanço das tecnologias digitais, a manipulação criminosa de imagens se torna cada vez mais difícil de detectar. Mas um grupo de cientistas brasileiros tem desenvolvido nos últimos anos ferramentas e softwares capazes de desmascarar as mais sutis alterações e avaliar com precisão a legitimidade de imagens digitais.

Auxiliando as investigações da Polícia Federal desde 2013, o grupo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) integra, desde o fim de outubro, o projeto internacional Análise de Integridade Forense em Objetos Multimídia (MidFor, na sigla em inglês), que envolve sete universidades americanas e europeias. Eles já receberam US$ 10 milhões da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada em Defesa dos Estados Unidos.

Segundo o líder do grupo brasileiro, Anderson Rocha, docente da Unicamp e membro da organização internacional Instituto de Engenheiros e Eletricistas Eletrônicos, há mais de 10 anos sua equipe trabalha com ciência forense. Para detectar alterações em imagens, os pesquisadores associam ciência da computação e inteligência artificial.

Utilizando algoritmos, os cientistas combinam diversas técnicas para apontar inconsistências nas imagens, que não são percebidas a olho nu. “É fácil alterar uma imagem e inserir nela, por exemplo, uma pessoa que não estava lá. Mas é difícil tornar a iluminação da foto original compatível com a da foto montada. Com uma associação de técnicas, analisamos como a pele de uma pessoa reflete a luz – e um padrão distinto de reflexão revela imediatamente a inconsistência da foto fraudada”, disse Rocha ao Estado.

O objetivo do projeto internacional, segundo Rocha, é desenvolver meios para descobrir não apenas se uma imagem foi alterada, mas exatamente como isso foi feito.

De acordo com ele, quando uma foto é divulgada na internet e diversas pessoas começam a compartilhá-la com pequenas alterações, cada nova modificação deixa vestígios. “Buscamos investigar se cada documento é autêntico ou não. Caso seja falso, fazemos seu rastreamento na web e conseguimos entender como ele evoluiu, quem criou as versões intermediárias e qual a ordem das alterações”, explicou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.