Os principais credores da operadora Oi – representados pelo banco americano Moelis e pela assessoria G5, em parceria com bancos de fomentos estrangeiros, reunidos pela consultoria FTI – se uniram para apresentar uma proposta de plano de reestruturação da dívida de R$ 64 bilhões da tele. Esse grupo tem R$ 22,6 bilhões em débitos da Oi.

Todos os detentores da dívida (“bondholders”) da companhia somam R$ 32 bilhões.

A proposta do novo grupo prevê uma injeção de R$ 3 bilhões na companhia e não conta mais com a participação do empresário egípcio Naguib Sawiris, que estava alinhado com o Moelis. O plano prevê também a conversão de 88% das dívidas em ações. Na oferta anterior, apresentada somente pelos credores do Moelis, essa porcentagem era de 95%.

De acordo com comunicado enviado pelos integrantes do novo grupo, há discussões em andamento com outros credores-chave e partes interessadas da Oi sobre os termos de reestruturação conjunta da dívida da companhia. Procurada, a tele não comenta.

Disputa. A operadora entrou com pedido de recuperação judicial em junho do ano passado e desde então vem enfrentando uma disputa entre acionistas e credores, que discordam sobre os rumos da companhia.

Sem esse acordo, a Oi não terá condições de apresentar hoje, quando vence o prazo determinado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), um plano de reestruturação reformulado. A tele enfrenta o maior processo de recuperação judicial do País, com R$ 63,95 bilhões em dívidas e 55 mil credores. Uma assembleia entre credores e acionistas deverá ser convocada para outubro, segundo fontes.

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Carta

Conforme apurou o Estadão/Broadcast, com fontes próximas ao processo, a Oi apresentará apenas uma carta de resposta ao órgão regulador, ressaltando avanços na saúde financeira e operacional da companhia, bem como o status atualizado das negociações com credores.

Essa decisão foi tomada na quarta-feira, 23, durante reunião do conselho de administração da operadora, que contou com a presença de um representante da Anatel. No encontro, os conselheiros independentes cobraram agilidade da empresa, sob o risco de que o processo se arraste por um tempo excessivamente longo, causando prejuízos futuros às operações da empresa.

Os conselheiros independentes foram indicados ao cargo pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), também credor da tele, ao lado da Caixa Econômica Federal e da própria Anatel.

Pelas discussões conduzidas ontem, ainda não foram definidas as condições para a planejada capitalização de R$ 8 bilhões, com pendências remanescentes sobre origem dos recursos e o prazo para efetivação dos aportes. Porcentuais de diluição de acionistas e conversão de dívida de credores em ações também são pontas que permanecem soltas.

No começo deste mês, a Anatel deu prazo de 15 dias para que a Oi apresentasse uma versão reformulada de seu plano de recuperação judicial.

Alinhamento

Uma fonte ouvida pelo Estado afirmou que a união desse grupo de credores foi bem recebida. É a primeira vez que o fundo abutre Aurelius, representado pelo G5, considerado o mais agressivo nessa disputa, está alinhado para uma proposta, segundo essa pessoa que não quis se identificar.

Em conversa com jornalistas nesta semana, o ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD), afastou a possibilidade de uma intervenção imediata na Oi caso o novo plano de recuperação judicial não seja apresentado dentro do prazo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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