Pesquisadores anunciaram ter detectado pela primeira vez na África um parasita da malária que é parcialmente resistente ao principal fármaco antimalárico, a artemisinina, gerando preocupação sobre os esforços para combater uma doença que afeta centenas de milhões de pessoas a cada ano.

Até então, os cientistas só haviam identificado tais formas de resistência aos medicamentos contra a malária, transmitida por mosquitos, no sudeste da Ásia.

Em 2015, a malária infectou mais de 200 milhões de pessoas e matou cerca de 438.000 em todo o mundo, a maioria delas crianças na África.

“A propagação da resistência à artemisinina na África seria um grande retrocesso na luta contra a malária, uma vez que a ACT (terapia combinada de artemisinina, na sigla em inglês) é o único tratamento antimalárico eficaz e amplamente utilizado no momento”, disse o autor principal do estudo, Arnab Pain, da Universidade Rei Abdullah de Ciência e Tecnologia, na Arábia Saudita.

“Portanto, é muito importante monitorar regularmente a resistência à artemisinina em todo o mundo”, acrescentou.

Os parasitas da malária resistentes aos medicamentos foram detectados em um paciente chinês que havia viajado da Guiné Equatorial para a China, disse o estudo, liderado por Jun Cao, do Instituto Jiangsu de Doenças Parasitárias da China, e publicado na revista médica New England Journal of Medicine.

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A terapia combinada de artemisinina geralmente elimina a malária do sangue em três dias.

No sudeste da Ásia, cepas do agente causador da malária, Plasmodium falciparum, se tornaram relativamente tolerantes à artemisinina, o que é conhecido como “resistência parcial”.

A maioria dos pacientes ainda pode ser curada, mas leva mais tempo.

Os especialistas da Organização Mundial da Saúde estão preocupados com o fato de que o P. falciparum poderia eventualmente se tornar completamente resistente à artemisinina, assim como se tornou resistente a outros medicamentos antimaláricos.

Os pesquisadores disseram que descobriram que o parasita carregava uma nova mutação em um gene chamado Kelch13 (K13), que é o principal motor da resistência à artemisinina na Ásia.

Eles então confirmaram que a resistência tinha se originado na África, usando “sequenciamento do genoma inteiro e ferramentas de bioinformática” que haviam desenvolvido anteriormente, “como detetives tentando ligar o parasita culpado à cena do crime”, disse Pain.


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