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Eleito há pouco mais de um mês para ocupar a presidência da Câmara em um mandato tampão até fevereiro do próximo ano, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) acumulará a missão de representar o Palácio do Planalto a cada ausência do presidente Michel Temer do País. Maia foi alçado ao posto já que a vice-presidência ficou vaga diante do impeachment de Dilma, decidido pelo Senado na última quarta-feira 31. O primeiro teste veio em menos de 24 horas, quando o peemedebista embarcou para Hangzhou, na China. Lá, Temer terá sua primeira missão internacional como presidente efetivo e participará da Cúpula de Líderes do G20, que reúne as vinte principais economias do mundo, até o dia 5 de setembro.

Enquanto isso, Maia fez questão de despachar no escritório presidencial e viver, ao menos por alguns dias, o que até então parecia apenas um distante sonho de vestir a faixa verde e amarela. À imprensa, entretanto, o deputado garantiu que presidirá o País com “discrição” durante esse período. “Esse é o perfil que o Brasil precisa, pessoas centradas, equilibradas e que colaborem com a democracia brasileira”, disse o mais novo presidente interino. Durante a ausência de Maia, os deputados serão presididos pelo vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), conhecido por suas trapalhadas durante o breve período em que comandou a Casa por causa do afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A chegada de Rodrigo Maia à Presidência da Câmara só foi possível após a renúncia de Cunha ao cargo. O peemedebista deixou a cadeira para tentar escapar da cassação de seu mandato, que já foi aprovada pelo Conselho de Ética e agora depende só de votação em plenário, prevista para este mês. A decisão de Cunha levou os parlamentares a elegerem um novo comando até fevereiro de 2017, quando se encerraria a gestão atual. Também foi fundamental a ótima relação de Maia com o novo governo, que, se não fez campanha para o democrata vencer a disputa, ao menos ajudou atuando na retirada de votos do concorrente, Rogério Rosso (PSD-DF).

Ao tomar posse, o deputado do DEM chegou a chorar e fez questão de lembrar sua primeira visita à Câmara, ainda adolescente, quando acompanhou o pai ao longo da Assembleia Constituinte de 1988. Deputado federal desde 1999, Rodrigo é filho do ex-prefeito do Rio de Janeiro e correligionário César Maia e está em seu quinto mandato. Nascido no Chile durante o exílio do pai (mas registrado no consulado brasileiro), concorreu à prefeitura do Rio em 2012 e teve apenas 3% dos votos válidos. Com alta rejeição, seu pai foi derrotado por duas vezes na corrida ao Senado e teve de se contentar com uma cadeira de vereador. No dia 25 de agosto, a Justiça do Rio determinou a cassação do mandato de César Maia e a suspensão de seus direitos políticos por cinco anos, por improbidade administrativa. Sua defesa anunciou que recorrerá ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

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