O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, defendeu nesta terça-feira, 17, durante reuniões do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que a inflação está declinando e as expectativas estão atualmente ancoradas. “Mudanças no novo ritmo (de cortes da Selic) e o prolongamento do ciclo continuarão dependendo das expectativas e das previsões, assim como dos fatores de risco”, afirmou Goldfajn.

Os comentários constam de documento publicado durante o período da manhã pelo Banco Central em seu site, com os apontamentos de Goldfajn feitos em reuniões do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. A íntegra dos apontamentos, em inglês, pode ser consultada neste link https://www.bcb.gov.br/pec/appron/apres/Apontamentos_Davos_Jan_2017.pdf.

Ilan Goldfajn defendeu ainda que a política monetária vai ajudar na recuperação da economia. No entanto, ela não é o único fator para a recuperação, mas sim “complementa outras políticas do governo e reformas estruturais que estão sendo atualmente implementadas”.

O presidente do BC afirmou também que, “além da política monetária, é importante perseverar e aprovar as reformas fiscais (em especial, a da Previdência), assim como outras reformas para impulsionar a produtividade e criar condições para uma recuperação sustentável, com inflação baixa e estável”.

Proteção cambial

Ilan Goldfajn disse em reuniões durante o Fórum Econômico Mundial em Davos que a instituição “sempre pode oferecer” proteção cambial às empresas no Brasil. A atuação, disse Ilan, ocorre quando o BC avaliar que há excessiva volatilidade ou liquidez aquém do normal. Em reuniões em Davos, Ilan citou ainda que apenas cerca de 18% da dívida corporativa no exterior não tem proteção cambial, o chamado hedge.

“O BC sempre pode oferecer hedge para empresas diante das grandes reservas se os mercados não estiverem funcionando bem e houver problema de liquidez”, citou o presidente do BC durante as reuniões no Fórum, segundo apontamentos divulgados pela autoridade monetária.

No encontros na cidade suíça, Ilan ressalta que a maior parte da exposição cambial pelas empresas no Brasil tem proteção contra o sobe-e-desce da moeda. “Apenas 18% dessa dívida não é inteiramente protegida (representando 3,2% do Produto Interno Bruto)”, citam os apontamentos. Ilan explica que a maioria da dívida denominada em moeda estrangeira é de exportadores, subsidiárias de empresas estrangeiras e/ou serve de proteção financeira contra a própria depreciação do câmbio no mercado de derivativos.

Além disso, Ilan notou que o nível da exposição cambial pelo setor não-financeiro também é em torno de 18% do PIB. “O número caiu desde 2015”, cita, ao comentar que o prazo desses compromissos também tem aumentado ao longo dos anos.

O presidente do BC notou ainda que o balanço de pagamentos está atualmente em situação “confortável” com déficit em torno de 1,1% do PIB e ingresso de investimento estrangeiro direto (IDP) de 4,4% do PIB, além disso o Brasil possui US$ 370 bilhões em reservas internacionais – cerca de 20% do PIB. “Isso serve como um seguro contra movimentos inesperados e distorções no mercado”, disse.

O câmbio flutuante, repetiu, é “a primeira linha de defesa contra choques externos”. “Isso não impede o BC de usar suas ferramentas para evitar volatilidade excessiva ou falta de liquidez no mercado cambial”, disse.