No leilão do terminal de trigo no porto do Rio de Janeiro, realizado ontem, na sede da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), o que gerava suspense não era quem seria o vencedor. Esse já era conhecido, porque só havia um concorrente: o consórcio Maravilha, formado por Bunge e M. Dias Branco.

As atenções recaíram sobre a lista de autoridades que estariam presentes ao evento, mais especificamente se o ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella, dividiria a cena com o novo secretário de Portos, Luiz Otávio Campos, cuja nomeação lhe havia sido empurrada goela abaixo na semana passada. Os dois não se falam.

Ex-senador, alvo de uma das etapas da Lava Jato, Campos ganhou o posto de secretário, segundo fontes, num arranjo político feito pelo presidente Michel Temer para acalmar o senador Renan Calheiros (PMDBAL), que vinha atacando as propostas de reforma da Previdência e Trabalhista.

Na batalha para angariar votos no Congresso Nacional, a nomeação também atendeu a pressões do senador Jáder Barbalho (PMDB-PA) e seu filho Hélder, atual ministro da Integração Nacional. Hélder, que comandou a área de portos no governo de Dilma Rousseff, não abriu mão do controle da área.

Porém, o movimento colocou nos Transportes, uma pasta da cota do PR, um integrante do PMDB para administrar, supostamente com autonomia, uma área que lida com contratos milionários de arrendamentos nos portos. Por isso, Quintella vinha atuando nos bastidores para evitar a nomeação. O ministro, eleito deputado pelo PR de Alagoas, é adversário de Renan.

Ausência

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Campos não apareceu no leilão do terminal e Quintella pode posar para fotos batendo o martelo. Mas o desconforto com a situação foi expressado por diversos técnicos da área. A avaliação é que, numa situação em que ministro e secretário não se sentam à mesma mesa, quem sai perdendo é o setor, que ficará com sua administração sujeita a disputas nos bastidores.

Segundo interlocutores de Quintella ouvidos pela reportagem do Estado, a autonomia prometida a Campos terá seus limites. A ideia é que os seus atos serão submetidos a uma avaliação rigorosa da área jurídica. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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