A Polícia Civil investiga se o aumento em quase três vezes dos roubos a cargas em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, em três anos, pode ter relação com o esquema de corrupção entre policiais do 7º Batalhão de Polícia Militar (São Gonçalo) e traficantes de comunidades do município.

De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), a modalidade de crime passou de 113 registros nos quatro primeiros meses de 2014, quando a Polícia Civil começou a investigar o caso deflagrado na Operação Calabar, para 427 no mesmo período de 2017. O número representa um crescimento de 277%.

De acordo com informações do delegado Marcos Amin, da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo, a atuação crescente de traficantes em roubos de cargas pode ter relação com a cobrança de dívidas por policiais envolvidos no esquema. A modalidade de roubo seria uma forma de angariar recursos para sustentar o esquema de propinas.

“Há um investigação da Delegacia de Roubos e Furtos que aponta a um aumento no roubo de cargas. Possivelmente, isso seria fruto de um ‘bote’ de R$ 1,5 milhão de um traficante do Morro do Salgueiro”, disse o delegado. “Um dos traficantes alvos da operação tomou um ‘bote’ e teve que roubar carga para repor o dinheiro da boca de fumo”, completou.

Segundo informações da polícia, um dos 22 traficantes denunciados na operação, Shumaker Antonácio do Rosário estaria sendo obrigado pelo Comando Vermelho a devolver pontos de vendas de drogas em comunidades de São Gonçalo, incluindo o Morro do Salgueiro. O motivo seria um rombo financeiro enfrentado pelo criminoso.

O delegado acredita que as prisões provocarão reflexos nos índices de criminalidade da região. “Quase a totalidade de assassinatos e outros tipos de crime tem ligação com a atuação de facções criminosas, que atuavam livremente graças aos acordos financeiros”, alegou.

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Até o final da tarde desta sexta-feira, 30, a Polícia Civil havia prendido 81 policiais militares e 22 traficantes. Ao todo, serão cumpridos 96 mandados contra os PMs e 70 contra traficantes. Os militares vão responder na Justiça pelos crimes organização criminosa e corrupção passiva.


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