A Polícia Civil de São Paulo instaurou procedimento para investigar o desaparecimento de cinco jovens que sumiram na última sexta-feira (21). Eles estavam indo de carro encontrar garotas em uma festa em um sítio em Ribeirão Pires, no Grande ABC e, desde então, as famílias não tiveram mais notícia. A última informação recebida foi uma mensagem de um dos jovens, via celular, dizendo ter sido parado em uma blitz policial. Como há a suspeita de participação de policiais no desaparecimento, a Corregedoria também vai acompanhar a investigação.

O caso chegou ao Ouvidor da Polícia, Júlio Cesar Fernandes Neves, por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania da prefeitura paulistana, onde as famílias fizeram a reclamação. “As famílias levaram o caso para a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e a secretaria acionou a Ouvidoria”, disse ele, em entrevista à Agência Brasil. “Teve um dos jovens que conseguiu mandar um áudio para familiares falando que foi parado [em uma blitz]”, contou o ouvidor.

Os nomes e fotos de quatro dos cinco jovens aparecem no site da Polícia Civil no registro de pessoas desaparecidas. São eles: Jonathan Moreira Ferreira, 18 anos; César Augusto Gomes Silva, 20; Caique Henrique Machado Silva, 18; e Robson Fernando Donato de Paula, 17, que é cadeirante. O quinto rapaz, que dirigia o carro, era Jonas Ferreira Januário, 30 anos.

O veículo, de acordo com o ouvidor, foi encontrado intacto, “sem ninguém quebrar nada”. “Esse carro foi encontrado em uma via pública, mas não no sítio [para onde eles estavam indo]”.

Segundo o ouvidor, a família relatou à secretaria que os jovens, que já tinham sido detidos por infrações, estavam sofrendo retaliações após a morte de um policial na região onde eles moram.

Algo estranho

“É muito estranho porque é muito difícil cinco pessoas sumirem de uma vez só e até mesmo sendo um deles cadeirante. Eu, como ouvidor, estou muito preocupado com esse caso e na expectativa de que eles apareçam vivos. Mas com muita preocupação porque as famílias retrataram que existe a possibilidade de estarem sofrendo retaliação porque houve a morte de um policial na região deles [onde eles vivem]”, disse o ouvidor.

De acordo com Neves, um dos familiares relatou à secretaria que as ameaças aos jovens estavam sendo feitas por policiais. “Tomara que não sejam [os policiais os responsáveis pelo desaparecimento dos jovens]. Espero que não tenha a participação de policiais. Mas se ficar comprovado, é seríssimo, é estarrecedor. Esperamos que isso seja elucidado de uma forma mais tranquila”, disse.

Neves encaminhou um pedido ao Ministério Público Estadual, à Corregedoria da Polícia e ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para que também acompanhem o caso.

Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que o carro que foi usado pelos jovens foi encontrado e periciado e que as famílias foram ouvidas. “Como uma abordagem da PM foi citada por um parente das vítimas, a Corregedoria da PM acompanha a investigação da Polícia Civil. Mais informações não podem ser passadas para não prejudicar as investigações.”

Já a Secretaria Municipal de Direitos Humanos disse que, tão logo foi acionada, na terça-feira (25), pelos familiares dos rapazes desaparecidos, “acionou a Ouvidoria da Polícia Militar, a Ouvidoria da Defensoria Pública e o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe). A pasta segue acompanhando a evolução das informações”.