“O grupo faz um tipo de som direto, sem grandes efeitos, mas de empatia com o público jovem, principalmente os adeptos da chamada new wave.” Assim a edição do jornal O Estado de S. Paulo do dia 17 de fevereiro de 1982 resumiu o som do The Police ao informar que, naquele dia, a banda faria sua segunda e última apresentação daquela turnê no Rio de Janeiro, no ginásio do Maracanãzinho. Era a primeira vez que a banda formada por Sting (baixo e voz), Andy Summers (guitarra) e Stewart Copeland (bateria) e apenas a capital fluminense havia sido incluída na turnê mundial ancorada pelo álbum Ghost in the Machine. O trabalho, lançado no ano anterior, viria a ser o penúltimo da banda e tinha, como maior sucesso, a música Every Little Thing She Does Is Magic.

Ao se despedir no segundo show consecutivo na cidade, o Police não voltaria tão cedo. Não com a banda em atividade, de forma propriamente dita. O retorno ocorreria 25 anos depois, no estádio do Maracanã, para a turnê que marcava a reunião e a despedida da banda. Aquele giro, encerrado em 2008, foi o último do trio – e, ao arrecadar US$ 358 milhões e ter vendido 3,7 milhões de ingressos, se tornou a mais bem-sucedida turnê da época.

Curioso que o caso de amor do Police com o Brasil tenha se restringido apenas ao Rio de Janeiro – hoje em dia, é algo inimaginável, com exceção de algumas atrações do Rock in Rio que, por contrato de exclusividade com o festival, são impossibilitadas de se apresentarem em outras cidades do País.

Mas o ano era 1982 e o mercado do show biz brasileiro era outra coisa – e o Rio de Janeiro enfeitiçava os três integrantes do grupo inglês. Alguns artistas internacionais já haviam pisado em solo brasileiro. Alice Cooper, Genesis e, principalmente o Queen, já haviam aberto à foice esse caminho até o Brasil. Com o Police, contudo, fora diferente. O trio surfava na crista da popularidade como poucas bandas naquele início da década de 1980. Era a banda do momento, que reunia influências do além-mar. Ingleses recriando o reggae. Canções solares para uma década que, depois, ficou marcada pela escuridão dos versões de um rock quase gótico de The Cure e The Smiths.

No Brasil, na época do Police, por aqui se alardeavam os feitos enfileirados pelo trio. “Atualmente, o The Police é o único grupo da música popular a ter conseguido, em apenas quatro anos de carreira, nada menos do que 10 discos de ouro e 12 de platina”, elogiava o Estado. Quatro anos depois, o Police se deteriorava. Um sexto disco teve sua feitura cancelada. Sting decidiu perseguir uma carreira solo. “Estava claro que o Sting não tinha interesse em compor músicas para o Police”, escreveu Summers, na caixa de discos do Police Message in a Box. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.