O presidente Mauricio Macri admitiu nesta quarta-feira que um em cada três argentinos é pobre, depois que o instituto oficial Indec informou que a pobreza na Argentina chegou a 32,2% da população no segundo trimestre de 2016.

“Saber que um em cada três argentinos está abaixo da linha de pobreza tem que nos doer”, disse Macri em entrevista coletiva em sua residência de Olivos após a divulgação do índice oficial.

O presidente, que assumiu em 10 de dezembro do ano passado após ter prometido em campanha atingir a “pobreza zero”, considerou o dado como “o ponto de partida” e considerou “óbvio” que sua meta não se tornará realidade em 2019, quando seu mandato chega ao fim.

“Pobreza zero em quatro anos é óbvio que não se alcança. É uma meta que não pode ser resolvida em um só governo”, afirmou.

Macri participou de uma coletiva de imprensa minutos depois de o instituto estatístico Indec revelar o indicador, que não era divulgado há três anos em meio e sob o qual pesava suspeitas de manipulação do governo anterior.

O presidente afastou sua responsabilidade sobre a quantidade de pobres, que segundo a Universidade Católica cresceu em 1,4 milhão nos primeiros três meses de seu governo, para quase 30% em abril.

“Eu estou para fazer todas as autocríticas que pudermos porque sempre acredito que há lugar para a melhora, mas apenas agora estamos começando a ter na Argentina informação real (…) este é o verdadeiro ponto de partida, o verdadeiro equilíbrio econômico sem distorções na economia”.

Segundo os dados oficiais, 8,7 milhões de argentinos estão em situação de pobreza e, deles, 1,7 milhão são indigentes.

O estudo foi realizado com base em 31 conglomerados urbanos de todo o país com aproximadamente 27 milhões de pessoas. A população total da Argentina chega a 40 milhões.

As estatísticas sobre a pobreza não eram divulgadas desde 2013, durante o governo de Cristina Kirchner (2007-2015), em meio a suspeitas de manipulação dos índices estatísticos.

A última cifra que se sabe até agora corresponde ao segundo semestre de 2012 e indicava que, na época, havia 5,4% de pobres no país.

Até agora, os únicos relatórios sobre a evolução da pobreza vinham de estudos privados.

O Observatório da Dívida Social da Universidade Católica (UCA) calculou que, no final de 2015, a pobreza chegou a 29% dos argentinos, enquanto que, em agosto, o indicador atingiu os 32,6%.

“A classe média baixa é a mais vulnerável. É o setor que mais sofre o ajuste, frente à atual fase de queda do consumo, aumento de preços e maior risco de demissões e queda da atividade”, alertou o relatório da UCA.