O capitão da Polícia Militar do Estado de Goiás Augusto Sampaio de Oliveira Neto, filmado agredindo manifestantes durante a greve geral na sexta-feira, 28 de abril, já foi denunciado por outras quatro agressões, uma delas envolvendo menores de 18 anos. Segundo a sua ficha funcional, o policial nunca sofreu uma punição, recebeu diversas condecorações e 34 elogios.

Embora a ficha funcional ainda não tenha chegado à Polícia Civil, o delegado Isaías Pinheiro, designado para avaliar se houve tentativa de homicídio contra o estudante Mateus Ferreira da Silva, de 33 anos, explicou que precisa aguardar o término do inquérito policial militar (IPM) aberto pela PM para apurar a “evidente lesão corporal gravíssima” sofrida pelo estudante.

Pinheiro disse que vai requerer acesso aos autos após o término do IPM e deliberar pela necessidade ou não de instauração de inquérito policial para averiguar a ocorrência de crimes comuns.

Já o porta-voz da Polícia Militar, tenente-coronel Ricardo Mendes, restringiu-se a dizer que não foi a corporação quem divulgou a ficha do PM, alegando que estas informações são protegidas por uma portaria “que as classifica de maneira reservada”.

Subcomandante da 37ª Companhia Independente, ligada ao Comando do Policiamento da Capital, o capitão Oliveira Neto permanece afastado do policiamento ostensivo, limitado ao serviço administrativo interno da corporação.

Estado grave

O Hospital Universitário de Goiânia (Hugo) informou na manhã desta terça-feira, 2, que o estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG) Mateus Ferreira da Silva, de 33 anos, permanece internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI) em estado estável, ainda grave, mas sem risco de morte.

O paciente sofreu traumatismo craniano e múltiplas fraturas após ter sido agredido com um cassetete pelo capitão Augusto Sampaio de Oliveira Neto.

Em nota no fim da manhã desta terça-feira, o hospital declarou que Silva “está evoluindo com melhora clínica, estável na parte respiratória e com pressão normal”. A equipe médica suspendeu a sedação para avaliação neurológica e início do processo de retirada da ventilação mecânica. O hospital afirmou que não há programação para sessão de hemodiálise nesta terça-feira.