O líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), afirmou que a proposta da presidente afastada Dilma Rousseff de realizar uma consulta popular sobre novas eleições não possui viabilidade na Casa. Para ele, a ideia é um “factoide criado pelo PT para tumultuar” o processo de impeachment e prejudicar o governo do presidente em exercício Michel Temer. “Como ela diz isso? Ela não é mais presidente, não tem mais condições de fazer uma proposta como essa”, comentou.

Rossi considera que a realização de novas eleições seria um ato ilegal, o que inviabilizaria a votação do plebiscito. “Nós temos que respeitar a Constituição, que determina que no caso de impedimento quem assume é o vice-presidente. Todas essas ideias são para o debate político, mas na realidade carecem de legalidade. Não podemos concordar com ideias que são mais de palanque do que algo que seja legal”, disse.

Assim como o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), Rossi não acredita que a proposta de Dilma poderá mudar o entendimento dos parlamentares em relação ao impeachment. Ele ressaltou que Temer demonstrou nas últimas votações no plenário que possui apoio sólido da maioria dos deputados. “Temer tem implantado medidas para recuperar economia e a credibilidade, e essas ideias tentam apenas prejudicar esse quadro.”

Para Rossi, os pedidos de prisão da cúpula do PMDB no início da semana também não vão influenciar os votos, pois são “questões da Justiça, do Supremo Tribunal Federal (STF), que não têm interferência no parlamento”. Na última terça-feira, 7, a Procuradoria-Geral da República pediu a prisão do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e do senador Romero Jucá (RR) ao STF.

Somente o Congresso Nacional tem o poder de convocar um plebiscito. A proposta precisaria ser apresentada por no mínimo um terço dos senadores ou deputados e aprovada pelas duas Casas por maioria simples. Na noite desta quinta-feira, 10, em entrevista veiculada pela TV Brasil, a presidente afastada Dilma Rousseff admitiu pela primeira vez uma consulta popular, caso ela reassuma a presidência da República.