21/11/2016 - 20:53
Para identificar cientistas e pesquisadores das áreas de educação e ciência no país e promover a cooperação entre eles, a Rede Nacional de Ciência para Educação (Rede CpE) e o Instituto Ayrton Senna lançaram hoje (21), em São Paulo, a Plataforma CpE.
“A plataforma é uma forma para que o usuário possa interagir de uma forma mais amigável a nosso banco de dados, que conseguimos tirar por meio de palavras-chaves e trabalhos que foram produzidos pela pós-graduação desde 1987 até 2011 nas áreas de ciência e educação”, disse Daniele Botaro, pesquisadora da Rede CpE.
A plataforma tem como base a ferramenta ScriptLattes, criada pelo professor Jesus Mena-Chalco, da Universidade Federal do ABC, que compila e extrai dados da Plataforma Lattes [que reúne currículos e registros dos pesquisadores de todo o país]. Outra base da plataforma é o acervo de mais de 606 mil documentos que constam no Banco de Teses e Dissertações da Capes.
Por meio desses dois mecanismos, a plataforma identificou 25.718 pesquisadores e seus homônimos utilizando palavras-chaves relacionadas pela Rede Nacional de Ciência para Educação. “Essa plataforma é um piloto, que pode ser facilmente implementada com diferentes palavras-chaves ou termos e a coleta de dados é apenas por meio do Lattes (Plataforma Lattes), então não há como o usuário se autoinserir. [Para participar da plataforma] basta o pesquisador se manter atualizado, porque na próxima execução do programa estes dados serão inseridos”, explicou Daniele.
A plataforma é aberta e permite consultas pelo nome do pesquisador, termos ou área de pesquisa. “Qualquer pessoa pode fazer buscas. A ideia é que os usuários, de diferentes perfis – e podemos ter jornalistas e pesquisadores utilizando essa plataforma – tragam novas demandas para que criemos novas funcionalidades. Essa é uma versão beta [em estágio de desenvolvimento] da plataforma e é importante que todos saibam disso para que novos dados sejam inseridos”, disse Daniele, que ressaltou que, em breve, a plataforma vai também permitir busca por localização geográfica e por instituições.
Para a pesquisadora, a plataforma será importante para definir políticas científicas para o país. “Se a gente pensar em criar conexões ou criar colaborações em áreas que atuamos mais ou menos e em que se pode dar um incentivo a mais, como, por exemplo, criar equipes multidisciplinares para tratar de um mesmo assunto, é um ganho incrível para o Brasil”, disse.
Ponte
O diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves Ramos, disse que a plataforma tem como principal objetivo alinhar e criar uma ponte orgânica entre a educação básica e o ensino superior. “Não vamos conseguir evoluir na qualidade da educação se não trouxermos os novos achados da ciência para a educação básica, para o chão da escola”, disse.
Por meio dessa plataforma, exemplificou, um professor poderá pesquisar mais sobre questões envolvendo seu cotidiano escolar. “Tive um irmão que, há 40 ou 50 anos, era disléxico. E meu pai era médico e nem ele e nem a professora do meu irmão sabiam que ele era disléxico. Quando eles foram tomar conhecimento sobre isso, o fracasso escolar já tinha batido à porta dele. Para meu irmão, a escola foi um grande desafio. Hoje já se sabe tratar uma criança disléxica e muita coisa de conhecimento sobre dislexia foi levado para a sala de aula”.
“Não podemos deixar que essas informações fiquem distantes da escola. A escola pode até optar em não fazer, mas não pela falta do conhecimento. Se a gente luta para que um aluno tenha direito à aprendizagem, esse direito só se fará de fato presente se o professor tiver direito ao conhecimento. Nenhum aluno aprende se o professor não tiver conhecimento. Então é importante dar a eles todos os conhecimentos necessários para que de fato ele possa fazer sua aula inspiradora”, disse Mozart.