Procuradores brasileiros veem indícios de evasão fiscal em esquemas que estariam ligados a Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF. Documentos que estão com a Procuradoria-Geral da República (PGR) indicam que operações financeiras realizadas pela entidade máxima do futebol brasileiro enquanto o ex-dirigente a presidia ocorreram com o uso de contas nos Estados Unidos.

Neste sábado completa-se dois anos das prisões de uma série de dirigentes de alto escalão do futebol, em Zurique. O caso abriu uma onda de processos e uma transformação na forma pela qual entidades eram administradas. No caso do Brasil, porém, dos três dirigentes indiciados pelos EUA, apenas José Maria Marin cumpre prisão domiciliar em solo norte-americano. Tanto Teixeira como o atual presidente da CBF, Marco Polo del Nero, não podem sair do País, sob o risco de serem detidos e extraditados aos Estados Unidos.

No Brasil, por estar sendo conduzida em sigilo, a investigação sobre transações na CBF ainda não pode revelar os valores que foram transferidos para os EUA. Mas a reportagem do Estado confirmou que a movimentação ocorreu durante os anos em que Teixeira presidia a entidade se utilizando de contas no Banestado e no Banco Rural.

No Rio de Janeiro, ele já é investigado pela Polícia Federal por causa de depósitos e pagamentos considerados fora do padrão da renda que dizia ter. Segundo um relatório de inteligência produzido pelo COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), ele teria movimentado R$ 229 milhões entre 2007 e 2012. Deste total, a instituição acredita que R$ 149 milhões estão sob suspeita por não serem compatíveis com o patrimônio do ex-cartola.

Neste período, Teixeira recebeu R$ 13 milhões de Sandro Rosell, ex-presidente do Barcelona, mais de R$ 5 milhões da Fifa, R$ 4,4 milhões do Comitê Organizador da Copa de 2010 e R$ 3,5 milhões da CBF.

Além da investigação envolvendo a transferência de dinheiro para os EUA, a procuradoria vai solicitar nos próximos dias à Justiça espanhola os documentos referentes às investigações realizadas nos últimos 12 meses contra Teixeira.

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Ricardo Teixeira usou uma rede de empresas de fachada e contas em seis paraísos fiscais para desviar pelo menos 8,4 milhões de euros (cerca de R$ 30 milhões) da seleção brasileira e lavar dinheiro. Por contas secretas, ele ainda movimentou mais de 24 milhões de euros (aproximadamente R$ 90 milhões) de origem suspeita.

Para isso, uma complexa estrutura foi montada, com o uso de laranjas, empresas de fachada e registros no Panamá, Suíça, Andorra e Ilhas Virgens Britânicas.

Enquanto no Brasil Teixeira é ainda investigado, a Receita Federal na Espanha já aplicou uma multa milionária contra Sandro Rosell, que foi seu parceiro de negócios, acusando-o de não revelar às autoridades os lucros que obteve por meio de contratos com a seleção brasileira. O ex-dirigente argumentou que não declarou na Espanha por ter transferido o dinheiro para Andorra e, para comprovar que os contratos com a CBF eram reais, teria apresentado um levantamento da auditoria KPMG.


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