Centro de pesquisas da Petrobras na Ilha do Fundão
Centro de pesquisas da Petrobras na Ilha do Fundão (Crédito:Divulgação)

A Polícia Federal deflagrou a Operação Abismo, 31ª fase da Lava Jato, nesta segunda-feira, 4. A ação, que tem apoio da Receita Federal, cumpre 23 mandados de busca e apreensão e 1 de prisão preventiva, 4 custódias temporárias e 7 conduções coercitivas – quando o investigado é levado para depor e liberado – em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Brasília.

O alvo principal é o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, contra quem a Abismo expediu um mandado de prisão preventiva. Paulo Ferreira já havia sido capturado na Operação Custo Brasil, que mirou o ex-ministro Paulo Bernardo (Planejamento/Governo Lula), e está detido em São Paulo.

Mais de 100 policiais federais e aproximadamente 20 servidores da Receita Federal estão cumprindo as determinações judiciais.

A investigação central desta fase da Operação Lava Jato tem o objetivo de apurar a fraude ao processo licitatório, o pagamento de valores indevidos a servidores da Petrobras e o repasse de recursos a partido político em virtude do sucesso obtido por empresas privadas em contratações específicas como o projeto de reforma do Cenpes – Centro de Pesquisas da Petrobras – na Ilha do Fundão, na cidade do Rio de Janeiro.

São apuradas as práticas de crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e fraude a licitação num contexto amplo de sistemático prejuízo financeiro imposto à Petrobras.

O nome Abismo é uma referência às tecnologias de exploração de gás e petróleo em águas profundas desenvolvidas no Cenpes, mas também à localização das instalações (Ilha do Fundão) e à demonstração de que esquemas de corrupção levaram a empresa aos “recantos mais profundos da malversação do dinheiro público”, segundo informou a PF.

Os presos serão levados à sede da Polícia Federal em Curitiba nesta segunda-feira, à exceção de Paulo Ferreira, que já preso na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo/SP em razão dos crimes a ele atribuídos na Operação Custo Brasil.

Paulo Ferreira é suspeito de ligação com o esquema Consist – empresa de software que teria desviado R$ 100 milhões de empréstimos consignados no âmbito do Ministério do Planejamento na gestão Paulo Bernardo. Sob o comando de Paulo Bernardo, que liderou a Pasta de março de 2005 a janeiro de 2011 no governo Lula, o Planejamento assinou acordo com o Sindicato Nacional das Entidades Abertas de Previdência Complementar (SINAPP) e a Associação Brasileira de Bancos (ABBC). Essas entidades contrataram a Consist para desenvolver o sistema de gerenciamento e controle dos créditos consignados.

Outro ex-tesoureiro do PT investigado na Lava Jato é Delúbio Soares, alvo de condução coercitiva na 27ª fase. Delúbio foi acusado pelos procuradores da República que integram a força-tarefa da Lava Jato por suposto envolvimento no emblemático empréstimo de R$ 12 milhões tomado pelo pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, junto ao Banco Schahin – a transação ocorreu em outubro de 2004.

Delúbio foi condenado no Mensalão a 6 anos e oito meses de prisão por corrupção ativa.