Os autores dos atropelamentos na Catalunha formaram uma célula em um povoado próximo aos Pirineus, de onde planejavam ataques em grande escala, segundo a investigação em curso.

Marroquinos e um espanhol

A polícia divulgou nesta sexta-feira a identidade de três dos cinco agressores mortos e de um foragido.

O grupo é formado por jovens, todos moradores de Ripoll, um povoado de menos de 10 mil habitantes.

– Younès Abouyaaqoub é objeto de muitas questões porque não foi detido. Tem 22 anos, nasceu em Mrirt, no Marrocos, e ignora-se seu grau de envolvimento.

– Moussa Oukabir, 17, nasceu em Ripoll mas tinha nacionalidade marroquina. Seu vizinho, Mohamed Hychami, 24, era natural de Mrirt, e Said Aallaa, 18, nasceu em Naur, no Marrocos. Os três foram mortos pela polícia na quinta-feira, após atropelar pedestres com um Audi A3 no balneário de Cambrils.

– Outros quatro suspeitos estão detidos: três marroquinos e um espanhol, de 21, 27, 28 e 34 anos.

Entre eles está Driss Oukabir, irmão mais velho de Moussa, detido na quinta-feira. Outro detido é um espanhol oriundo do enclave africano de Melilla, um dos principais focos de jihadistas na Espanha.

Criados na Catalunha

A maioria dos envolvidos morava há bastante tempo na Catalunha e não precisou se deslocar muito para cometer os atentados, reivindicados pelo grupo Estado Islâmico.

A Catalunha é a região da Espanha com a maior comunidade muçulmana, cerca de 500 mil sobre um total de 1,9 milhão no país em 2016, segundo a União das Comunidades Islâmicas da Espanha.

Também é a região com mais detidos por vínculos com jihadistas, ao lado de Madri e os enclaves de Ceuta e Melilla, no Marrocos.

Sem antecedentes terroristas

Nenhum dos envolvidos nos ataques tinha antecedente relacionado ao terrorismo, mas alguns possuíam ficha na polícia por crimes comuns.

Em uma casa de Melouiya, povoado de origem da família Oukabir situado na região rural pobre do Atlas, no centro do Marrocos, Said Oukabir, pai de Moussa, se disse “consternado”.

A cidade na Espanha onde vivia a maior parte dos agressores, Ripoll, é uma localidade tranquila que vive de serviços e da indústria, com cerca de 10 mil habitantes – incluindo 1.200 estrangeiros – nos pés dos Pirineus, a cerca de 100 km de Barcelona.

O homem oriundo de Melilla foi detido em Alcanar, 200 km a sudoeste de Barcelona, onde na manhã de quinta-feira uma explosão destruiu uma casa, deixando um morto e sete feridos.

No local foram encontrados cerca de 30 bujões de gás, que supostamente seriam utilizados em ataques.

O homem que morreu na explosão e outra vítima estariam vinculados à célula terrorista.

Segundo a polícia, o grupo fabricava bombas para “atentados em grande escala”.

A explosão levou a que cometessem atentados em Barcelona e Cambrils de modo precipitado, “que não tiveram a envergadura que planejavam”, segundo o chefe da polícia Josep Lluis Trapero.

Armados com facas

Os cinco suspeitos mortos em Cambrils carregavam falsos cinturões de explosivos, além de facas e um machado no carro utilizado para o atropelamento.

Segundo especialistas, seu objetivo era morrer como mártires, já que a polícia não duvida em atirar quando vê cinturões de explosivos, mas talvez esperassem fazer algum refém e ganhar tempo.

Três veículos alugados pelos agressores foram recuperados pela polícia e estão sendo periciados. As pessoas que alugaram os veículos também estão sendo investigadas.