O amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está a um passo da condenação na Lava Jato. Chegou à fase final o processo que o pecuarista José Carlos Bumlai e mais oito pessoas respondem pela simulação de um empréstimo para ocultar o pagamento de propinas pelo Grupo Schain ao PT em troca de um contrato de US$ 1,6 bilhão com a Petrobras. Nas alegações finais, o Ministério Público Federal pede ao juiz Sérgio Moro que Bumlai seja obrigado a pagar multa de R$ 53,5 milhões e condenado por três crimes: corrupção, gestão fraudulenta contra instituição financeira e lavagem de dinheiro. Os procuradores pedem ainda que o pecuarista volte para trás das grades.

Desde março, ele está em prisão domiciliar se tratando de um câncer na bexiga. Também são alvos do pedido de condenação o filho de Bumlai, Mauricio, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada e os empresários Milton e Fernando Schahin, além dos delatores Nestor Cerveró, Salim Schahin e Fernando Baiano. Nos bastidores, a iminência da sentença do amigo de Lula preocupa petistas. Temem que Bumlai, considerado uma bomba relógio prestes a contar o que sabe, intensifique as negociações de um acordo de delação premiada. O pecuarista já chegou espontaneamente a dar depoimentos que complicaram integrantes do partido e respingaram no ex-presidente.

Condenação próxima

As altas chances de condenação dele e do filho, Maurício, preocupam o pecuarista e amigo de Lula, José Carlos Bumlai. Como ISTOÉ revelou em 2015, há uma leva de documentos e depoimentos anexados ao processo que os incriminam. Eles demonstram que Bumlai conseguiu um empréstimo, no final de 2004, com o Banco Schahin no valor de R$ 12,1 milhões sem oferecer nenhuma garantia e repassou os recursos ao PT. Ao final do prazo de quitação em 2005, não pagou a dívida. Tampouco foi cobrado graças a sua influência política. Depois, ainda conseguiu, com ajuda da cúpula do PT, que o banco emprestasse mais R$ 18 milhões a uma empresa dele para que com este dinheiro quitasse a primeira dívida.

Em seguida, como o próprio pecuarista confessou, selou com o banco um falso contrato de quitação em que daria em troca embriões bovinos. Na verdade, o que o grupo Schahin recebeu mesmo foi uma fatia do Petrolão. Venceu, sem concorrência, a licitação de US$ 1,6 bilhão para operar o navio sonda Vitória 10.000. São informações sobre os bastidores deste e de outros negócios ilícitos que parte da cúpula do PT teme que José Carlos Bumlai narre aos procuradores. Ao depender da disposição do amigo do ex-presidente de falar, este fato pode ser melhor esclarecido. Em uma tentativa de mostrar boa vontade com a Justiça, ele já prestou um depoimento secreto sobre as relações do Instituto Lula com o Petrolão.

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O fantasma de Celso Daniel

Um dos motivos que causa mais temor entre os petistas de primeiro escalão é o que Bumlai poderá contar sobre o assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André. Segundo Marcos Valério, o operador do Mensalão, foi Bumlai quem Lula escalou para comprar o silêncio do empresário Ronan Maria Pinto, que ameaçava revelar os verdadeiros motivos da morte do petista.


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