ISTOÉ ANTECIPOU Na edição 2393, reportagem trouxe laudo do MP atestando pedaladas em 2015
ISTOÉ ANTECIPOU Na edição 2393, reportagem trouxe laudo do MP atestando pedaladas em 2015

Estopim para abertura do processo de impeachment contra Dilma Rousseff, as pedaladas fiscais – prática que consiste em maquiar as dívidas, sem dotação orçamentária, com empréstimos em bancos públicos – era uma marca do governo da presidente afastada. É o que aponta um novo relatório do Tribunal de Contas da União aprovado por unanimidade nessa quarta-feira 15 pelos oito ministros da corte, que concordaram com o relatório do ministro José Múcio Monteiro.

A equipe técnica de José Múcio identificou que a modalidade usada em 2014 por Dilma, que embasou a votação na Câmara sobre a admissibilidade do seu afastamento da presidência do país, também ocorreu em compasso maior no ano seguinte, conforme havia antecipado ISTOÉ. Em maio, o Senado aprovou a abertura do processo de impeachment da petista, justificado pelas pedaladas com autorização, por parte do governo, de despesas extras de R$ 2,5 bilhões. De acordo com o novo levantamento do TCU, no decorrer de 2015, a gestão de Dilma contratou novos créditos juntos a bancos públicos para realizar pagamentos dos passivos às próprias instituições bancárias e com o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. O montante chegou a R$ 74,1 bilhões. Deste total, R$ 53,1 bilhões eram destinados a recompor atrasos de anos anteriores. O documento diz que “uma das operações de crédito contraída com a instituição financeira publica foi para quitar dívida de R$ 10,9 bilhões relacionada ao Plano Safra”. Mais de R$ 8 bilhões desse montante foram de juros pelo atraso do pagamento, que deveria ter sido executado até o primeiro dia de 2015.

A análise que fundamentou o parecer do ministro José Múcio Monteiro sobre as contas da presidente afastada relativas a 2015 é composta de 23 questionamentos elaborados pela unidade técnica do tribunal e Ministério Público do TCU. O relatório constatou a reedição dos atrasos, pelo governo, nos repasses de recursos a bancos públicos para o pagamento de programas, como o Bolsa Família, do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), e a intermediação de repasses do Orçamento Federal e de pagamentos de abono salarial e seguro desemprego.