Brasília - A 11 Parada do Orgulho LGBTS de Taguatinga, neste domingo (30), na Praça do Relógio (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A 11ª Parada do Orgulho LGBT movimentou a Praça do Relógio, em Taguatinga Marcelo Camargo/Agência Brasil

Com o tema Escola = + Inclusão, – Discriminação, a 11ª Parada do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) tomou a região central de Taguatinga, cidade satélite a cerca de 20 quilômetros de Brasília, na tarde deste domingo (30). Puxada por dois caminhões de som, a parada teve atrações musicais e discursos defendendo direitos para a população LGBT e um ambiente escolar sem homofobia. O público presente era formado, em sua maioria, por jovens.

A estudante de assistência social Jussara Barros, 24 anos, do Conselho Distrital de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (CDPDDH), que participou da organização da parada, explicou que a opção pelo tema da educação está ligado ao momento atual, em que são debatidas propostas como o Escola Sem Partido, nome dado ao projeto de lei que proíbe manifestação política em salas de aula.

“Nós tivemos aqui, no Distrito Federal, o caso de um professor que abordou a homofobia e foi questionado pela deputada distrital Sandra Faraj”, exemplificou, referindo-se à parlamentar evangélica do partido Solidariedade, que enviou ofício a uma escola de Ceilândia, a 30 quilômetros de Brasília, pedindo providências legais em relação a um trabalho escolar que abordava o tema. Na ocasião, o diretor da escola e a Coordenação Regional de Ensino ficaram a favor do professor.

“[A educação] é um tema que está em alta, com as discussões sobre a PEC [Proposta de Emenda à Constituição] 241 [que limita os gastos públicos]  e a reforma do Ensino Médio. Não dava para não falar disso esse ano”, disse o estudante Diulio Garcia, 19 anos, que também participou da  organização dessa edição do desfile.

Diversidade

A Parada LGBT também trouxe temas paralelos, representados pela presença de movimentos como o Mães pela Diversidade, em que as mães apoiam a orientação sexual ou identidade de gênero dos filhos, e a Igreja Inclusiva, em que fiéis são aceitos independentemente de sua orientação sexual.

O engenheiro José Henrique Guedes, 61 anos, que discursou representando o grupo Mães pela Diversidade, contou a história do filho, Christian, de 16 anos. “O Chris nasceu em 2000 [e foi] registrado como menina. Em 2014, Christian nos disse que nós não tínhamos uma menina, e, sim, um menino. Nós o abraçamos e o continuamos amando. Ele é uma alma completa, uma pessoa boa, independente do que a LGBTfobia diz ou quer fazer acreditar”, afirmou.

Brasília - Christian Guedes e sua mãe, Rosana Guedes, na 11 Parada do Orgulho LGBTS de Taguatinga, neste domingo (30), na Praça do Relógio (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Christian Guedes e sua mãe, Rosana GuedesMarcelo Camargo/Agência Brasil

À Agência Brasil, Christian relatou que contou aos pais sem rodeios sobre sua identidade de gênero. “Foi na lata. O meu pai falou que tudo bem, a minha mãe também ficou de boa”, disse. A funcionária pública Rosana Guedes, 51 anos, mãe do adolescente, disse que “primeiro, a gente leva um susto. Depois vê que não tem outra opção, a não ser aceitar. É meu filho. Não dá para ter inconformismo dos pais porque os filhos não têm a orientação que eles idealizam”, completou

Já a pastora Paloma Sene, da igreja evangélica Cidade de Refúgio, em Taguatinga, discursou dizendo que Deus não faz diferenciação entre os seres humanos. “Não é verdade que Deus te excluiu. Ele te ama e você pode voltar para os braços do Pai, se assim o desejar”, afirmou Paloma, que é casada com uma mulher.

A organização da Parada do Orgulho LGBT estimou cerca de 30 mil pessoas no evento. A Polícia Militar não fez estimativa de público. Segundo o tenente Fábio Nunes, responsável pela segurança do local, o efetivo da PM foi definido com base no público informado pelos organizadores. As atividades ligadas à parada prosseguem até 22h.