SÃO PAULO, 23 FEV (ANSA) – Por Ana Ferraz. Quando se pensa na bela cidade de Roma é impossível deixar de lembrar do Coliseu, do Foro Romano, dos Museus Vaticanos e, é claro, da Fontana di Trevi, um dos monumentos mais famosos da capital italiana. Projetada no começo do século 18 pelo arquiteto Nicola Salvini, a maior fonte da cidade foi concluída em 1762 pelo italiano Giuseppe Pannini e, desde então, passou a encantar os romanos e turistas com o seu formato de concha e suas esculturas todas feitas em mármore que exaltam um tema marítimo.   

Construído a partir da parede frontal do Palazzo Poli, que acabou fazendo parte da fonte, o monumento ficou famoso no mundo inteiro, servindo de locação para um dos grandes clássicos do cinema italiano, o filme “La Dolce Vita”, de Federico Fellini.   

Além disso, as pessoas passaram a atirar moedas nas águas da fonte em troca de um desejo.   

O que muitos não sabem é que, por detrás dessa tradição, repetida por centenas de indivíduos a cada dia, estão duas lendas. A primeira, que é a mais conhecida, afirma que quem lançar de costas uma moeda no local com certeza voltará para Roma. Já a segunda diz que, ao jogar três delas na fonte, a pessoa poderá realizar três desejos: o de voltar para a “cidade eterna”, o de encontrar o verdadeiro amor e o de se casar com ele.   

No entanto, mais desconhecido que a tradição das moedas da Fontana di Trevi, é o que é feito com elas. Há anos existe um convênio entre a prefeitura de Roma e a Caritas, organização social da Igreja Católica, pela qual todo o dinheiro arrecadado na fonte, cerca de 1 milhão de euros por ano, é doado a iniciativas beneficentes para doentes, pobres e sem-teto.   

Por isso, todos os dias, voluntários da ONG vão à fonte às 8h na manhã (horário local) para recolher as moedas. Graças à ajuda de algumas casas de câmbio na cidade, todos os tipos de dinheiro, reais, dólares, rublos, ienes, entre outros, podem ser trocados por euros e, as moedas, por cédulas.   

No entanto, o destino das moedas pode mudar no próximo ano. O motivo é que o convênio entre a Prefeitura e a entidade termina em 2017, e as conversas para renová-lo estão paradas. Segundo a sede romana da Caritas, a burocracia do governo impede uma resposta clara sobre a prorrogação ou não do acordo.   

Ainda no fim de 2015, um pouco antes da queda do ex-prefeito de Roma Ignazio Marino, foi aprovada uma medida dizendo que as moedas lançadas nas fontes do município pertencem à Prefeitura.   

Por isso, desde aquele ano, o dinheiro arrecadado em monumentos como a Fontana della Barcaccia, na piazza Spagna, e a de Santa Maria in Trastevere, começou a ser usado especificamente para a recuperação, restauração e limpeza das fontes.   

Como o convênio com a Caritas só termina no fim de 2017, ainda não se sabe ao certo se as moedas continuarão a ser destinadas aos necessitados ou se se tornarão uma espécie de doação para a recuperação da Fontana, que foi reaberta ao público em novembro de 2015, após 17 meses de obras de restauração financiadas pela grife italiana Fendi. (ANSA)