”Oportunidade perdida”, assim o prefeito do Rio de Janeiro definiu nossa Olimpíada. Nas suas palavras, “com a crise econômica e política e todos esses escândalos, não é o momento para estarmos nos olhos do mundo.” Tem razão. Sediar uma Olimpíada ou uma Copa do Mundo oferece grandes oportunidades. A primeira é o efeito-holofote. Eventos globais colocam um país em evidência, podendo incrementar seu fluxo de comércio e de turismo de forma permanente. Com as dificuldades econômicas e a insegurança política, isso não aconteceu com a Copa nem deve ocorrer com a Olimpíada. A segunda oportunidade é aperfeiçoar substancialmente a infraestrutura do
País e da cidade-sede.

Para a Copa, os projetos de reformas e expansões de aeroportos, rodovias, ferrovias e transporte urbano foram muitos, mas os avanços foram pequenos. O legado de infraestrutura da Olimpíada para a cidade do Rio de Janeiro deve ser melhor, mas deixará muito a desejar, com obras inacabadas, mal feitas ou superfaturadas. Se a oportunidade da #Rio2016 parece perdida, ao menos não devemos perder as lições. A primeira é fortalecer o combate à corrupção antes de assumir compromissos que tradicionalmente estouram e muito seus orçamentos. No Brasil, o combate à corrupção chegou tarde demais para evitar enormes estouros de orçamento na Copa e na #Rio2016.

A segunda, detalhada em meu livro ”Depois da Tempestade”, é que o desempenho econômico de qualquer país tem um grande componente cíclico. Surpresas econômicas favoráveis de três a oito anos costumam ser seguidas de ciclos de decepções econômicas de duração similar. Países e cidades tendem a ser escolhidos para sedes da Copa e da Olimpíada após longos ciclos de boas surpresas econômicas, muitas vezes prestes a acabar. Quando os eventos chegam, os ciclos foram revertidos e eles ocorrem em meio a recessões ou crises. Os holofotes acabam iluminando problemas, ao invés dos avanços da época da candidatura a sediar os eventos.

Foi o caso das Olimpíadas de Atenas, Pequim, Londres e Rio de Janeiro. Essas lições são preciosas para o país, as empresas e cada um de nós. Precisamos aprender a planejar, cientes dos ciclos econômicos. Temos de evitar decisões equivocadas, levados pela euforia – como sediar uma Copa ou Olimpíada ou montar uma nova fábrica – logo às vésperas do fim da bonança. Tampouco, podemos nos contaminar pelo derrotismo quando o ciclo ruim está prestes a terminar – dando a largada a um ciclo favorável – e perdermos ótimas oportunidades, como agora.


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