Escrevi na coluna da semana passada que, apesar do momento cada vez mais propício, ainda há um vácuo à direita na política brasileira, dominada por esquerdistas radicais e moderados. As ideias liberais e conservadoras ganham força, mas falta quem as defenda de forma mais organizada e partidária. O DEM tem um ou outro político mais liberal ou conservador, mas basta lembrar da mudança de nome do então PFL para ver como o partido sente ojeriza do liberalismo clássico. Já o PSDB está bem longe da direita.

Só na cabeça de quem nada entende de ideologia política o PSDB seria um partido de direita, e não de centro-esquerda, defensor da socialdemocracia que é. E para não deixar dúvidas, o vice-presidente nacional do partido, Alberto Goldman, disse essa semana que João Doria “não tem o perfil da história política do PSDB”. Não tem mesmo. E justamente por isso ele tem se saído tão bem! Doria representa uma lufada de ar renovador no partido, com perfil mais agressivo e dinâmico, sem medo de rebater os ataques chulos dos petistas ou mesmo de espetar com vontade Lula. Também defende sem timidez as privatizações.

Se em 2018 for Jair Bolsonaro contra algum socialista, não restará dúvidas de quem apoiar

Para Goldman, seria melhor os tucanos colocarem um senhorzinho mais “moderado”, ou seja, com postura acovardada e “em cima do muro”, para que a esquerda radical possa vencer uma vez mais. Tem tucano que não cansa de apanhar dos radicais de esquerda. Mas Doria, que vem despertando tanta aprovação por essa sua postura arrojada, teve de sair publicamente em defesa da candidatura de Geraldo Alckmin, pois seu próprio partido começou a cortar suas asas preocupado com sua ascensão. Quem nasce para lagartixa nunca chega a jacaré, e o PSDB nasceu para ser uma espécie de PT com perfume francês, mais moderado e com algum bom senso na economia.

Não me levem a mal: não é tão pouca diferença assim. Basta ver o estrago deixado pelo PT, com a pior depressão de nossa história. Os tucanos não seriam tão incompetentes nem tão ideológicos assim. Rejeitam o bolivarianismo. São uma esquerda herbívora mais civilizada, não carnívora como aquela representada pelo PT, PSOL e REDE. Se Doria não for mesmo candidato, teremos a extrema-esquerda, com alguém como Lula ou Ciro Gomes, e a esquerda moderada, com algum tucano. Do lado direito, teremos Bolsonaro, um nacionalista que tem aprendido mais sobre o liberalismo econômico, e que exerce um importante papel no Legislativo contra os socialistas, mas que não tem exatamente um perfil de bom gestor para o Executivo. Claro, se for ele contra algum socialista, não restará dúvidas de quem apoiar. Mas confesso que a direita liberal ainda carece de um bom nome para representá-la. Quem sabe não aparece algo novo por aí para endireitar de vez o Brasil?