Com bases tão pequenas de inovação, os problemas brasileiros são grandes, mas as oportunidades enormes. “A experiência internacional mostra que países, governos e empresas que conseguem investir em inovação e tecnologia nas crises, saltaram no momento seguinte”, diz Glauco Arbix, pesquisador do Observatório de Inovação e Competitividade do Instituto de Estudos Avançados. Ele cita como exemplo a Finlândia que, depois de enfrentar retração de mais de 10% do PIB na década de 1980, investiu nessas áreas e mudou de patamar de desenvolvimento. Foi nessa época que nasceu, por exemplo, a Nokia. O mesmo aconteceu com a Coreia do Sul e seus grandes grupos empresariais, os cheabols.

Para que esse salto aconteça, porém, é necessário uma política de Estado estruturada, como a feita em diferentes países para adoção e desenvolvimento de novas tecnologias, como mostra pesquisa do Grupo de Indústria e Competitividade da UFRJ. Entre 45 institutos de pesquisa voltados para a indústria, anunciados nos EUA em 2012, por exemplo, nove foram inaugurados, com fins muito específicos. Há vários exemplos similares mundo afora.

Nenhum especialista vê política semelhante estruturada no Brasil. “Ficamos perdidos numa longa anestesia, durante o período de alta de preços das commodities”, diz Pedro Rossi, professor da Unicamp.

Há também quem critique as escolhas do governo brasileiro, que preferiu priorizar exatamente empresas de commodities para criar os campeões nacionais. No mesmo período, dizem, o governo americano, por meio da Nasa, investia na empresa de explorações espaciais SpaceX, de Elon Musk, considerado um dos principais inovadores globais. “O problema não era a política dos campeões nacionais, mas os critérios pouco transparentes para escolhê-los”, diz Rafael Lucchesi, diretor da CNI. “Podemos não ter a ambição alemã ou americana, mas há setores nos quais temos vantagens competitivas reais. É neles que precisamos investir.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo