Já que a curadora Tatiana Groff, ao estabelecer o conceito do 1º Festival Ponte Nórdica no Brasil, colocou a ênfase na presença feminina, então todas as honras cabem a Trine Dyrholm. Este ano, tivemos uma sueca, Alicia Vykander, como vencedora do Oscar de melhor coadjuvante feminina, por A Garota Dinamarquesa. E tivemos uma dinamarquesa de verdade, Trine, como melhor atriz em Berlim, pelo filme de Thomas Vinterberg. Na Berlinale, Trine disse que o filme de Vinterberg é crítico sobre a utopia dos anos 1960, mas também sobre a época atual. “E é um filme universal, creio que as mulheres, em qualquer latitude, podem se identificar com minha personagem.”

Num certo sentido, ela é comum e tem consciência disso. “Quer ousar, para não ser considerada ultrapassada por essas pessoas libertárias, mas, no fundo, tudo o que ela quer é o marido de volta. Quando ele enrosca com a garota, ela só consegue pensar nisso: ‘Volte para mim, para mim’. Muita gente tem me perguntado se simpatizo com a personagem. Não importa. O que queria é fazê-la convincente para o espectador. Acho que há muitas mulheres como ela. Posando de avançadas, mas no fundo demasiado tradicionais.”

Trine já havia feito Festa de Família com o diretor. Foi vista depois em importantes filmes nórdicos, como O Amante da Rainha, de Nicolaj Arcel, e Amor É Tudo o Que Você Precisa e Em Um Mundo Melhor, de Suzanne Bier.

“Gosto de diretores autorais, não importa o gênero. Homens, mulheres. Só espero que escrevam personagens para as mulheres de minha geração, as que posso interpretar, com todas as nossas contradições.” Sobre Vinterberg, ela diz – “Thomas tem 47 anos, eu tenho 44. Somos muito próximos, e não apenas pela idade. Veja a obra dele. É de alguém que está querendo refletir sobre o mundo. Olhe o estado do mundo. Mais que nunca, é preciso reflexão.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.