04/05/2017 - 13:02
O papa Francisco receberá no próximo dia 24 de maio no Vaticano, em uma audiência particular, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, uma reunião que deverá ser delicada e precedida por tensões.
Trata-se do primeiro encontro entre os dois líderes, que têm posições muito diferentes sobre temas como migração e mudanças climáticas.
O presidente dos Estados Unidos e o primeiro pontífice de origem latino-americana defendem modelos econômicos e sociais opostos, e se chocaram em temas como a construção de um muro entre os Estados Unidos e o México para frear a migração e a necessidade de tomar medidas globais para aliviar as mudanças climáticas.
Em sua primeira viagem ao exterior, Trump prevê ir à Itália para participar de uma cúpula do G7, que será realizada nos dias 26 e 27 de maio em Taormina, na Sicília.
Após o encontro com o papa, o novo presidente dos Estados Unidos partirá para Bruxelas, onde participará de uma reunião, em 25 de maio, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Durante sua breve visita ao Vaticano, o presidente americano se encontrará também com o número dois da Santa Sé, o cardeal Pietro Parolin, e com o secretário para as Relações com os Estados, um tipo de ministro das Relações Exteriores, o monsenhor Paul Gallagher.
A audiência com o papa foi fixada às 08H30 locais (03H30 de Brasília), especialmente cedo.
– Troca de declarações –
Faltando somente cinco semanas para a cúpula na Sicília, a Casa Branca ainda não havia solicitado oficialmente a audiência papal, o que suscitou muitas especulações.
Os presidentes costumam solicitar ao Vaticano com vários meses de antecedência audiências com o papa, que em geral as concede.
Em 19 de abril, o mesmo papa Francisco manifestou que estava disposto a receber Trump, embora tenha confessado que ainda não havia recebido nenhuma solicitação oficial.
Historicamente, todos os presidentes do século XX dos Estados Unidos solicitaram encontros com o papa durante suas viagens à Itália.
Barack Obama se reuniu por duas vezes com o papa Francisco, uma no Vaticano em 2014 e outra durante a viagem do pontífice aos Estados Unidos em 2015.
Obama também foi recebido no Vaticano pelo antecessor de Francisco, Bento XVI, em 2009.
As relações entre Francisco e Trump ficaram mais complicadas depois que, em fevereiro de 2016, a bordo do avião retornando a Roma vindo do México, o papa criticou as declarações contra os migrantes do então pré-candidato republicano à presidência.
“Uma pessoa que pensa somente em fazer muros, onde quer que seja, e não criar pontes, não é cristão. Isso não está no Evangelho”, respondeu o papa Francisco a uma pergunta dos jornalistas sobre sua opinião a respeito da promessa eleitoral de Trump de construir na fronteira com o México um muro de 2.500 km, e de deportar 11 milhões de migrantes ilegais que há em seu país, caso ganhasse as eleições.
Trump, por sua vez, acusou o papa de ser um “homem político” e um tipo de instrumento do governo mexicano para a política migratória, o que foi contestado com ironia.
O encontro marcará o primeiro contato oficial entre Trump e o líder de quase 1,3 milhão de católicos, que provavelmente apaziguará as tensões, fiel à tradicional linha diplomática do Vaticano de receber e ouvir todas as partes.