ROMA, 26 FEV (ANSA) – Durante uma inédita visita de um Papa à Igreja Anglicana, Francisco afirmou neste domingo (26) que está estudando uma viagem para o Sudão do Sul, país que está dilacerado por uma guerra civil há anos.   

“Estou estudando e os meus colaboradores estão estudando a possibilidade de uma viagem para o Sudão do Sul. Mas, por que? Porque vieram até mim os bispos anglicanos, presbiterianos e católicos para dizer-me ‘por favor, venha ao Sudão do Sul, nem que seja por um dia, mas não venha sozinho, venha com Justin Welby [líder dos anglicanos]”, disse o Papa ao responder uma pergunta sobre as novas igrejas.   

Segundo o Pontífice, após o pedido, a ideia foi debatida.   

“Estamos pensando, a situação está muito feia, mas querem a paz e juntos trabalharemos pela paz”, disse ainda.   

Essa é a primeira vez na história que um líder da Igreja Católica visita a “All Saints”, que é a liderança das dioceses anglicanas na Europa. A visita, que foi acompanhada por uma celebração ecumênica, faz parte das comemorações dos 200 anos da primeira celebração eucarística dos anglicanos.   

Em outubro do ano passado, Jorge Mario Bergoglio já havia encontrado no Vaticano os líderes das Províncias Anglicanas, guiadas pelo arcebispo de Canterburry, Justin Welby, por ocasião dos 50 anos de diálogo interreligioso.   

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– União: Em sua homilia, o papa Francisco lembrou da passagem bíblica da carta de São Paulo aos coríntios, em que há a história de que o santo católico “superou as divergências do passado e, vivendo seu ministérios segundo a misericórdia recebida, não aceita as divisões, mas luta pela reconciliação”.   

Trazendo a história para o mundo atual, o sucessor de Bento XVI lembrou da importância da união entre todas as religiões cristãs do mundo.   

“Quando nós, comunidade de cristãos batizados, nos encontramos perante desacordos e colocamos perante deles a face misericordiosa de Cristo para superá-los, estamos fazendo como São Paulo fez em uma das primeiras comunidades cristãs”, ressaltou.   

Bergoglio ainda lembrou de uma das histórias que mais gosta de comentar sobre as divisões que existem entre as religiões cristãs por conta das interpretações bíblicas e teológicas.   

“Qual das duas é a prioridade no ecumenismo? O diálogo teológico ou a fraternidade prática? Posso responder com o argumento de Atenágoras para Paulo VI, que é uma posição dura, mas histórica.   

Pedi ao patriarca Bartolomeu e ele me confirmou: Atenágoras disse a Paulo VI ‘nós fazemos a unidade entre nós e todos os teólogos enviaremos para uma ilha para que pensem'”, disse Francisco ao lembrar das discussões iniciais entre os líderes das duas religiões.   

Ele ainda lembrou seu antecessor e destacou que “aquilo que disse o papa Bento é verdade: deve-se buscar as raízes do diálogo teológico, mas isso não se pode fazer em um laboratório, mas sim, caminhando”.   

“Católicos e anglicanos estamos humildemente gratos porque, depois de séculos de recíproca desconfiança, estamos agora em grau de reconhecer que a fecunda graça de Cristo é a obra que há também nos outros. Agradecemos ao Senhor porque, entre cristãos, cresceu o desejo de uma maior proximidade, que se manifesta no rezar juntos e no comum testemunho ao Evangelho, especialmente nas várias formas de serviço”, finalizou. (ANSA)


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