A Otan reiterou nesta segunda-feira sua “confiança absoluta” no compromisso dos Estados Unidos com a Aliança Atlântica, apesar das críticas do próximo presidente americano, Donald Trump, que a classificou em uma entrevista de “obsoleta”.

Contactada pela AFP, a organização transatlântica ressaltou as declarações em dezembro de seu secretário-geral, Jens Stoltenberg, que mostrou sua confiança de que os “Estados Unidos manterão seu forte compromisso na Otan (…) e nas garantias de segurança para a Europa”.

Após um encontro com Stoltenberg, o chefe da diplomacia alemã, Frank-Walter Steinmeier, expressou certa inquietação na Otan pelas palavras do próximo presidente americano.

“As declarações do presidente eleito Trump, que considera a Otan obsoleta, foram recebidas com preocupação”, disse Steinmeier ao chegar a uma reunião de ministros das Relações Exteriores da UE em Bruxelas.

Para Steinmeier, as declarações de Trump entram “em contradição com o que o (próximo) secretário de Defesa americano disse durante sua audiência em Washington há apenas alguns dias”. “Veremos quais são as consequências para a política americana”, acrescentou.

Embora a reunião desta segunda-feira dos chanceleres europeus esteja dedicada à situação na Síria e no Oriente Médio, a entrevista do presidente eleito dos Estados Unidos aos jornais The Times e Bild pode “influenciar” na reunião, ante a agitação gerada em Bruxelas, disse.

“A Otan tem problemas, está obsoleta, em primeiro lugar porque foi criada há muitos e muitos anos”, e “porque não se ocupou do terrorismo”, disse Trump, embora tenha reconhecido que a Aliança Atlântica é “muito importante”.

Além disso, criticou novamente a contribuição econômica de seus sócios transatlânticos, que “não pagam o que deveriam”. Apenas cinco dos 28 países da Otan (Estados Unidos, Reino Unido, Estônia, Grécia e Polônia) destinam ao menos 2% de seu PIB a gastos militares, como pede a Aliança Atlântica.

O ministro das Relações Exteriores espanhol, Alfonso Dastis, convocou, por sua vez, a esperar que Trump assuma seu cargo, no dia 20 de janeiro. “À medida que Donald Trump for conhecendo a UE e a Otan de dentro e participando de seus trabalhos, eu espero que mude de opinião”, disse em Bruxelas.

Nesta linha, seu colega belga, Didier Reynders, afirmou que a cúpula da Otan prevista para meados do ano em Bruxelas será a ocasião de abordar “realmente” a situação com Trump.