Uma pesquisa interna entregue pelo Ibope ao Palácio do Planalto, na última semana, fez transbordar o ânimo dos integrantes do governo de Michel Temer. Os dados, guardados a sete chaves pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, revelam uma melhora em pelo menos parte dos índices. O parâmetro é a sondagem realizada pelo mesmo instituto no início deste mês, a pedido da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo o levantamento, a parcela da população que avalia o governo de Michel Temer como bom e ótimo subiu de 13 para 15%. Já entre os que consideram a gestão regular, o apoio passou de 35 para 39% dos brasileiros. A margem de erro é de dois pontos percentuais. O discreto, mas importante aumento na popularidade ocorreu na semana em que o peemedebista completou seu segundo mês no poder. Retrata os primeiros resultados positivos da gestão, depois de alguns percalços no início do mandato na seara política, que fizeram com que o presidente tivesse de promover mudanças pontuais na Esplanada dos Ministérios.

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No balanço divulgado pelo próprio Planalto com as consideradas conquistas dos primeiros 60 dias, predomina o discurso de austeridade e a retórica de eficiência “para colocar o Brasil de volta aos trilhos do desenvolvimento econômico e social”. São citados como exemplo a aprovação da Lei das Estatais e a redução de nove ministérios com o congelamento de 4,3 mil cargos comissionados, que deve trazer uma economia de R$ 230 milhões anuais. O envio da Proposta de Emenda Constitucional que limita o aumento dos gastos públicos à inflação do ano anterior é outro ponto ressaltado. O governo trabalha para conseguir aprovar a PEC rapidamente, até outubro, mas a tendência é que leve mais tempo, uma vez que a medida precisa ser analisada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado.

Paralelamente, Temer comemorou a aprovação do aumento na meta de déficit fiscal de R$ 98 para R$ 170 bilhões, que seria o pior índice já observado no País desde 1997. Há ainda caminhos importantes a trilhar, como o envio ao Congresso de matérias que, embora mais impopulares, são determinantes para a realização do ajuste fiscal. A mais emblemática é a reforma da previdência, sobre a qual o governo e as centrais sindicais estão longe de chegar a um acordo. Postergada para o final do ano, ela estava inicialmente prevista para este mês, dado o crescente déficit da Previdência Social. Somente neste ano, o rombo das aposentadorias deve ultrapassar R$ 130 bilhões. Há também na lista de prioridades a proposta de reforma trabalhista, anunciada para atender ao clamor do setor empresarial. A defesa de mais terceirizações e de mudanças na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), entretanto, alarmou sindicalistas e os partidos, que devem evitar o assunto em ano eleitoral, deixando a discussão para depois da votação final do impeachment.

No campo social, houve o reajuste de 12,5% nos benefícios do Bolsa Família e a retomada da construção de 4,2 mil moradias do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Investimentos de R$ 1,6 bilhão em educação e a criação de 75 mil novas vagas no FIES foram outros pontos comemorados no balanço do Planalto, bem como a retomada de obras na integração do Rio São Francisco. Embora representem impactos orçamentários significativos, as medidas são apresentadas pelo presidente Temer como fatores por trás dos índices de retomada de confiança do consumidor (10,7%), da indústria (7,5%), dos serviços (4,5%) e do comércio (10,7%). Segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, são esses alguns dos sinais que possibilitarão ao Brasil atingir a meta de 4,5% de inflação em 2017, bem como outros índices estratégicos para a retomada do crescimento. É o que todos aqueles que não jogam contra o País anseiam.


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