O chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, não teve uma semana, digamos, para comemorar. Na verdade, o ministro teve de tourear uma série de situações desfavoráveis que surgiram ainda na semana anterior com a demissão do advogado-geral da União, Fábio Medina Osório – episódio no qual ele foi o pivô. Ao deixar a AGU, Osório chegou a dizer que recebeu orientações diretas de Eliseu Padilha para não atuar na Lava Jato e que o ministro da Casa Civil teria feito uma campanha difamatória contra ele. Na esteira do caso, Padilha se deparou com uma outra escaramuça ocorrida no seio do Planalto. Divergências a respeito de maneira como o governo deve se comunicar com a população opuseram auxiliares importantes do governo. E Padilha esteve no epicentro desse imbróglio. “Estamos perdendo a guerra de comunicação e estamos tomando providências”, disse o ministro durante evento com empresários na segunda-feira 12. “Serão contratados profissionais especializados na área para ajudar”, acrescentou.

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Nos corredores do Palácio do Planalto, Padilha também foi alvo de comentários feitos por Moreira Franco e Geddel Vieira Lima, pelo que classificaram de ingerência do chefe da Casa Civil em suas áreas de atuação. Na quinta-feira 15, o presidente Michel Temer reuniu os mais próximos e pediu a união em nome das reformas para o Brasil. Foi um recado claro. Tudo o que Temer não quer agora é administrar fogo amigo. No Palácio, todos se recordam de uma polêmica participação de Padilha com a chamada máfia dos precatórios. Um escândalo que veio à tona durante o governo de FHC, quando Padilha comandava o Ministério dos Transportes. Sobre o caso, há processos na Justiça ainda não finalizados.

Nos bastidores, o chefe da Casa Civil tenta emplacar em algum cargo estratégico na comunicação um velho conhecido do ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB). Trata-se de seu ex-assessor João Roberto Vieira da Costa. Conhecido como Bob, ele cuidou do setor no Ministério da Saúde quando a pasta era ocupada por Serra, durante a gestão de FHC. Na ocasião, a atuação de Bob rendeu muita polêmica. Um dos fatos rumorosos foi uma pesquisa encomendada em 1999 por Bob a pretexto de fazer uma radiografia dos serviços públicos de saúde do País. Na realidade, tratava-se de uma estratégia política. O levantamento incluiu perguntas sobre as possibilidades de o então ministro José Serra chegar à Presidência da República – em 2002, o tucano foi candidato e perdeu para Lula.

Foto: Danilo Verpa/Folhapress