A Soberana Ordem de Malta, fundada em 1048, deverá eleger no sábado, após uma amarga batalha interna, seu novo líder, que terá a tarefa de reformar a instituição milenar.

A influente entidade religiosa, cujas origens remontam às Cruzadas, e que atualmente está presente em mais de 120 países – administrando hospitais e postos de saúde -, foi protagonista nos últimos meses de uma luta pelo poder e uma guerra aberta contra o papa argentino.

Francisco recebeu na quarta-feira o delegado encarregado de resolver as disputas, o arcebispo Angelo Becciu, número três da Santa Sé.

O último “Grão Mestre” da Ordem de Malta, cujo cargo é vitalício, foi o britânico Matthew Festing, que teve que renunciar no final de janeiro a pedido do papa.

A renúncia ocorreu após um mês de um forcejo considerado um desafio à autoridade do pontífice, cujas reformas enfrentam a resistência da ala mais conservadora da Igreja.

Cerca de sessenta votantes foram convocados para eleger o novo Grão Mestre.

Só um “cavaleiro professo” que fez votos de castidade, pobreza e obediência, e com antigas origens nobres, poderá se tornar o líder máximo da legendária ordem conservadora, considerada um Estado e que mantém relações bilaterais com mais de 100 países, assim como uma missão permanente de observação nas Nações Unidas.

Entre os 56 “cavaleiros professos”, só 12, com idades que vão de 66 a 96 anos, cumprem os requisitos e têm o perfil para ser eleitos.

Entre as reformas que o papa argentino fomenta, está a eliminação do critério obrigatório de nobreza para se tornar Grão Mestre.

O governo da Ordem propôs aos 56 votantes (metade religiosos) que no sábado votem em um líder temporário com um mandato de um ano, para que introduza as emendas constitucionais necessárias.

Para muitos, poderia ser escolhido o número dois da Ordem, o “Grão Comendador” Ludwig Hoffmann von Rumerstein, que exerce atualmente como interino.

As disputas afetaram o trabalho humanitário da organização, de acordo com alguns observadores.

A organização presta primeiros socorros no mar, conta com um hospital de campanha na Síria e com clínicas móveis na Turquia, explicou Stefano Ronca, ex-diplomata e assessor da entidade.

A missão principal da Ordem é ajudar as vítimas de conflitos armados e desastres naturais, oferecendo assistência médica, atendendo os refugiados e distribuindo fármacos e material básico de sobrevivência.