A Organização das Nações Unidas (ONU) doará US$ 181 milhões em sua resposta de emergência à epidemia de cólera no Haiti e enviará, pelo menos, um valor igual para as vítimas e seus familiares – disse à AFP um funcionário do organismo.

Os recursos foram anunciados após a ONU reconhecer que tem uma responsabilidade moral em ajudar o Haiti a enfrentar a epidemia, que surgiu em 2010 perto de uma das bases dos capacetes azuis.

Mais de 10.000 pessoas morreram, e 700.000 foram afetadas pela doença desde que esta começou. Ainda há 500 novos casos de contágio reportados semanalmente.

“A necessidade mais imediata são os fundos para enfrentar a cólera”, disse o conselheiro especial da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, David Nabarro, que lidera as negociações com o Haiti e os países doadores de recursos.

Nabarro disse à AFP que o objetivo era entregar US$ 181 milhões em três anos e “pelo menos o mesmo valor” para as famílias das vítimas dessa epidemia mortal.

Os detalhes do pacote de ajuda são discutidos com o governo do Haiti, enquanto o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, espera anunciar o acordo final em outubro.

Apesar de a ONU reconhecer que tem uma responsabilidade moral, a organização rejeita as acusações de que também tenha uma responsabilidade legal pelos danos causados pela emergência de saúde.

As vítimas da epidemia apresentaram inúmeras demandas contra o organismo em tribunais dos Estados Unidos, mas foram recusadas, pois as missões da ONU possuem imunidade.

Os estudos rastrearam a origem do surto de cólera até os capacetes azuis do Nepal, que foram enviados ao Haiti pela ONU após o grande terremoto de 2010.

Essas novas medidas são uma parte fundamental do plano de dez anos, avaliado em US$ 2,2 bilhões, para ajudar o Haiti a melhorar sua infraestrutura de saúde. O projeto foi lançado pela ONU em parceria com o governo do Haiti.

“É uma tarefa complicada. É preciso colocar todas as diferentes peças juntas”, disse Nabarro, insistindo em que os doadores querem ter certeza de que os fundos darão resultados no Haiti, país com uma longa história de instabilidade política.

Nabarro rebateu as críticas de que a ONU teria sido muito devagar em sua resposta e assegurou que foi registrada uma queda de 90% nos novos casos e nas taxas de mortalidade desde que a epidemia alcançou seu auge em 2011.

“Temos trabalhado muito e gastado muito dinheiro”, completou.

A cólera é transmitida através da água contaminada. Cerca de 72% dos haitianos não têm banheiro em suas casas, e 42% não têm acesso à água potável.

Segundo Nabarro, os fundos para as unidades de ação rápida são deficientes, com US$ 12 milhões pendentes para este ano e US$ 50 milhões para o final de 2017.