Estudantes do ensino fundamental e médio de escolas públicas e privadas de todo o país podem se inscrever, até o próximo dia 20 de maio, na Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), no site, que este ano tem a coordenação-geral da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). No ano passado, quando a OBR completou 10 anos, a coordenação coube à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O coordenador-geral da edição deste ano da olimpíada, professor Rafael Vidal Aroca, da UFSCar, disse à Agência Brasil que, também, escolas de atividades extracurriculares, como organizações não governamentais (ONGs) que dão aulas extras, podem participar do certame. As provas teóricas começam em junho, na escola do aluno inscrito. A organização da OBR envia o material, “a própria escola aplica a prova, manda os resultados para a coordenação, a gente faz a pontuação e envia as medalhas, a premiação”, disse Aroca.
Ele esclareceu que não há obrigatoriedade de o aluno fazer a prova teórica para concorrer na prova prática, programada para o período de 8 a 11 de novembro, em Curitiba, no Paraná, onde ocorrerá também a final da competição. “Elas são independentes”, disse. Isso ocorre porque, às vezes, a escola ou os alunos não têm recursos para construir um robô. “Então, ele faz só a prova teórica, porque ela já traz conceitos, explicações, sobre robótica. É uma oportunidade totalmente gratuita de a escola envolver os alunos com a robótica”.
Como a prova prática exige que se construa um robô, a OBR admite a possibilidade de alguma empresa ou entidade patrocinar a construção do protótipo. De maneira geral, a maioria das escolas compra material para os alunos que, muitas vezes, fazem “vaquinha” (coleta de dinheiro) ou pedem ajuda aos pais, afirmou Aroca.
Em sua décima primeira edição, a OBR espera suplantar com vantagem o resultado do ano passado, que registrou 111.287 estudantes inscritos e 2.968 equipes inscritas na prova prática. O crescimento, segundo o coordenador-geral, está sendo “exponencial” nos últimos cinco anos. Daí, a expectativa para 2017 é atingir 135 mil inscrições.
Novidades
Na avaliação de Rafael Vidal Aroca, trabalhar em um projeto de robótica é uma oportunidade muito relevante para a formação dos jovens, não apenas pelo conhecimento técnico, mas para aprender a trabalhar em equipe, superar desafios, resolver problemas, se organizar. “A gente acredita, e nós vemos resultados disso, no desenvolvimento de habilidades especiais também. Além de aprender um pouco sobre eletrônica, mecânica, matemática, ainda tem essas vantagens. É muito benéfico”, disse.
Este ano, a OBR traz muitas novidades para motivar os alunos. Entre elas, o prêmio ‘maker’ para a equipe que construir um robô com o menor número de peças de kits prontos, informou Aroca. “A gente está muito animado e contando com a participação dos alunos do ensino fundamental e médio do Brasil”. Outra novidade são os desafios surpresa que acontecerão nas provas práticas, em que tarefas especiais serão sorteadas na hora dos eventos para que as equipes façam adaptações em seus robôs.
Alguns estados farão também a integração da OBR com a Mostra Nacional de Robótica (MNR) que este ano perdeu o apoio do governo federal. “O organizador regional ou estadual vai se responsabilizar por montar uma mostra na região dele”. Exemplos já acertados são da Bahia, do Paraná, de Mato Grosso e do interior de São Paulo. A coordenação-geral está procurando ajudar no que for possível, excetuando recursos financeiros, para dar oportunidade para os alunos mostrarem o que estão criando para benefício da comunidade, dentro e fora da escola.
Desastre natural
O robô construído para disputar a modalidade prática da OBR participa da simulação de um desastre natural. As equipes de estudantes têm então a missão de construir um robô inteligente, sem uso de controle remoto, com um software (programa de computador) interno que o torne capaz de andar por um terreno acidentado, localizar vítimas e resgatá-las para um local seguro. “Isso não é diretamente aplicável à sociedade”, disse o professor da UFSCar. “Mas é um exercício e, em uma escala maior, poderia ser replicado”, destacou Aroca.
Outra atividade nova que a OBR traz este ano prevê que as equipes poderão criar um diário ou ‘blog’ no Facebook. Aroca declarou que a ideia é incentivar as equipes a trocar informações e se ajudarem mutuamente. A intenção é, nos próximos anos, premiar as equipes que mais compartilharem informações. A primeira equipe a criar uma página na rede social foi a Jegue Robotics, de Fortaleza, Ceará.
Rafael Aroca assegurou que para a educação e formação das crianças e jovens, a robótica é, “sem sombra de dúvida”, uma disciplina interessante. Pesquisas feitas com alunos e professores revelam que trabalhar com robótica ajuda a absorver novos conhecimentos. “Mais de 90% dos alunos e professores relataram que fica mais motivador estudar outras disciplinas quando tem robótica envolvida”. A robótica ajuda a entender conceitos de matemática, geometria, física, até mesmo inglês e português, afirmou. Segundo Aroca, a multidisciplinaridade acaba sendo enfatizada na hora que a escola usa a robótica como elemento para agregar vários assuntos e motivar os estudantes.