O presidente americano, Barack Obama, visitou nesta terça-feira os afetados pelas inundações históricas que atingiram o estado da Louisiana, defendendo a resposta da sua administração, após ter recebido duras críticas por não ter ido à zona antes porque estava de férias.

Com botas de caminhada e as mangas da camisa arregaçadas, Obama aterrizou em Baton Rouge, capital desse estado do sul dos Estados Unidos, e percorreu uma localidade muito afetada e coberta por escombros, prometendo aos habitantes que eles receberão toda a ajuda que precisam.

Pelo menos 13 pessoas morreram e mais de 100.000 se inscreveram para receber assistência de emergência do governo, em consequência das inundações.

A Guarda Nacional foi mobilizada e o governo federal tem mostrado que está fazendo todo o possível para acelerar a recuperação.

O presidente detalhou as ajudas oferecidas pelo governo federal em resposta à tragédia, um total de 127 milhões de dólares para aluguéis temporários, reparos de casas e pagamentos de seguros por inundação.

Obama disse, ainda, que está orgulhoso do trabalho que a Agência Federal de Gestão de Emergências faz na região, e realizou um apelo aos cidadãos para que se voluntariem e ajudem grupos humanitários como a Cruz Vermelha.

“Eu estou pedindo a todos os americanos para fazerem o que puderem para ajudar as famílias e as empresas locais a se reerguerem”, disse.

“Há boas pessoas aqui, (…) elas não devem ter que fazer isso sozinhas”, completou.

O presidente quis mostrar seu envolvimento na tragédia após ter sido alvo de críticas por não ter encurtado suas férias de duas semanas na ilha de Martha Vineyard para visitar o estado da Costa do Golfo.

Basta “observar as ruas, sem falar do interior das casas. As pessoas viram suas vidas transformadas por estas inundações”, disse Obama durante uma coletiva de imprensa.

As chuvas torrenciais começaram em 11 de agosto e deixaram milhares de casas submersas.

Em poucos dias, houve até 79 centímetros de chuvas em algumas partes do estado, cujo ponto mais alto se situa apenas 165 metros acima do nível do mar.

O governo declarou 20 das 64 paróquias da Louisiana (equivalentes aos condados nos demais estados) áreas de grande desastre, agilizando a chegada de assistência federal.

O desastre trouxe de volta memórias dolorosas do furacão Katrina, que há 11 anos inundou a região metropolitana de Nova Orleans, na Louisiana, e deixou mais de 1.800 mortos em todo o país.

Na ocasião, o governo federal foi criticado por sua resposta lenta. Imagens do então presidente, George W. Bush, olhando pela janela do Air Force One enquanto sobrevoava New Orleans se tornaram emblemáticas do distanciamento do governo observado durante a crise.

‘Pontos políticos’

A poucos meses da eleição de novembro, as viagens de Obama se tornaram inevitavelmente outro ponto de discussão nas campanhas presidenciais.

O candidato republicano, Donald Trump, visitou comunidades atingidas pelas enchentes na semana passada e provocou o presidente sobre a sua ausência.

“Honestamente, Obama deveria sair do campo de golfe e ir para lá”, disse Trump.

Nesta terça-feira, Obama rejeitou essas críticas, garantindo que sua visita não se resumia a “tirar uma foto”.

Pelo contrário, trata-se de “se certificar de que daqui a um mês, daqui a três meses e daqui a seis meses as pessoas continuem recebendo a ajuda de que necessitam”.

O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, defendeu na terça-feira a “rapidez e eficácia” da resposta do governo federal.

“Eu acho que o presidente está acostumado com pessoas que tentam marcar pontos políticos, mesmo em situações onde não deveriam”, disse Earnest.

“Estamos falando de vidas perdidas. Estamos falando de uma comunidade que está sendo destruída. (…) É um momento oportuno para colocar a política de lado e realmente focar nas nossas responsabilidades como americanos”, acrescentou.

Antes da visita de Trump, o governador de Louisiana, o democrata John Bel Edwards pediu ao republicano que sua visita não se tratasse “só de posar para as fotos” e que ele fizesse doações.

Em uma carta à Obama, Edwards também pediu que vários mecanismos de financiamento fossem ativados e que uma força-tarefa de recuperação fosse estabelecida no estado.

O governador também justificou a decisão de Obama de não ter ido ao estado antes, argumentando que uma visita presidencial exige tais medidas de segurança que seria necessário disponibilizar policiais que estavam ocupados ajudando os afetados.

Um argumento também utilizado pela candidata democrata Hillary Clinton, que disse que preferia dar tempo para os serviços de resgate fazerem seu trabalho, em uma crítica implícita ao rival republicano.

“Me comprometi a visitar as comunidades afetadas por estas inundações, em um momento em que a presença de uma campanha política não vai atrapalhar a resposta”, disse Hillary, pedindo doações para a Cruz Vermelha.

Os republicanos costumam receber a maioria dos votos de Louisiana nas eleições presidenciais. O último candidato democrata a ganhar no estado foi o ex-presidente Bill Clinton, que disputava com Bob Dole, em 1996.