Vai chegando ao fim o martírio do povo brasileiro com a espera pelo almejado impeachment de Dilma. A poucas semanas do veredicto final, não restam mais dúvidas de que a presidente afastada perdeu qualquer condição de governar o País e ganha diariamente novos antipatizantes no âmbito parlamentar. Ninguém mais lhe dá ouvidos ou reconhece nela qualquer resquício de autoridade. Seu próprio partido, o PT, se distancia, incomodado com as pedradas que vem levando da antiga protegida. O processo segue o rito natural, com ampla margem para defesa e uso abusivo por parte de aliados (cada dia mais escassos) que ainda teimam em recorrer a ações procrastinatórias. Buscam adiar o inevitável quando melhor seria, para toda a sociedade, que esse suplício da definição fosse abreviado. O Brasil precisa seguir adiante. Virar a página. Investimentos aguardam pela troca definitiva da guarda. Políticas de ajuste e de incentivo ao desenvolvimento, idem. Ficou claro nesses três meses de sua retirada do poder que o País andou melhor. Ganhou ânimo e esperança. Viu avançar pautas vitais e medidas administrativas antes ignoradas por ela – que só pensava em como se manter no cargo e praticar estelionatos eleitorais. O substituto, Michel Temer, cresce em aprovação nas pesquisas enquanto ela se isola e faz pouco caso das acusações e evidências de irregularidades que a cercam. É notório o seu despreparo para tratar com um mínimo de respeito e hombridade os ritos constitucionais previstos na apuração dos crimes de responsabilidade já tipificados. Dilma, que só aceita as próprias deliberações e tende a desqualificar qualquer outra autoridade ou conselho, mesmo de amigos próximos, segue insistindo na surrada lenga-lenga de “golpe”. O raciocínio que leva a tal conclusão é tosco e rudimentar. Não fica de pé diante das inúmeras demonstrações de abuso. Os empréstimos maquiados para gastar além da conta estão agora provados em um relatório, de quase 500 páginas, da comissão especial do Senado, que defendeu por maioria acachapante o julgamento para a deposição da mandatária. Não restam dúvidas de que seus artifícios e manobras, em desacordo com a lei, penalizaram o Brasil com o caos econômico, a desconfiança dos agentes e o descrédito na comunidade internacional. Ao fazer o diabo ela ultrapassou os limites de competência. Para agravar o quadro, as declarações e atos de Dilma nesses últimos momentos evidenciam um acelerado processo de cretinismo mental. Sem medir palavras, expressando uma inegável inveja pelo apoio que seu sucessor vem angariando, a presidente afastada referiu-se a Temer na semana passada como “intruso” e “usurpador”. No seu twitter postou que “o Brasil tem o que Temer”, trocadilho descabido, apelativo e de um terrorismo rasteiro; nada condizente com a figura de um chefe de estado que zela pela imagem da Nação. Dilma perdeu as estribeiras. Sua retirada de cena se dá de forma deprimente. Ela não se despiu da soberba nem do descaso para com os demais. No auge do devaneio, precisando justificar a confissão de seu marqueteiro que falou em caixa dois de campanha, empurrou a culpa para o PT, como se pudesse ficar livre da condição de principal beneficiária e responsável solidária pelo malfeito. Pegou mal. Dilma teve a pachorra de lançar reprimendas aos aliados. “O PT precisa reconhecer todos os erros que cometeu”, disse. A mesma crítica e disciplina ela não admite às próprias falhas. Sintomas da avassaladora negação da realidade que vem vivenciando. A presidente afastada se apequena. Seu retorno ao Executivo ficou relegado ao segundo plano na lista de prioridades da agremiação petista que, daqui por diante, tenta garantir a sobrevivência apostando esforços nas eleições municipais. De sua parte, Dilma lança um derradeiro e desesperado movimento. Vai divulgar uma “carta aos brasileiros” prometendo enviar ao Congresso a proposta de convocação de um plebiscito por eleições gerais antecipadas. Na prática, ela sugere retornar para depois sair, porque sabe que ninguém a quer mais naquele lugar. Ou dito de outra forma: Dilma espera liderar um movimento de suicídio político coletivo, pedindo com a medida a renúncia coletiva de deputados, senadores e governadores – como se fosse crível imaginar tal hipótese. Será mais uma lorota com a qual pretende enganar a fé popular. Um ultimo ato a manchar de vez a sua biografia.


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