Um agressor conhecido por tentar matar policiais, uma reivindicação do grupo Estado Islâmico (EI) que levanta questões: o que se sabe sobre o ataque na quinta-feira à noite na famosa avenida Champs Elysées em Paris, onde um policial foi morto a três dias da eleição presidencial.

O ataque

Às 18h47 GMT (15h47 de Brasília) de quinta-feira, um carro para próximo a uma viatura da polícia estacionada no alto da avenida Champs Elysées, no centro de Paris. O motorista sai e atira com uma arma automática contra o veículo das forças de segurança, matando com duas balas na cabeça um policial de 37 anos.

Em seguida, ele atira contra outros policiais que revidam e o matam.

Dois outros policiais ficaram feridos, um deles gravemente, com uma bala na pélvis, enquanto uma turista alemã foi atingida no calcanhar.

No carro, os investigadores encontraram uma espingarda, duas grandes facas, tesouras de poda e um Alcorão.

“Uma mensagem escrita à mão que defende a causa do Daesh”, sigla em árabe do grupo Estado Islâmico (EI), foi encontrada em um papel perto de seu corpo, segundo o procurador de Paris, Francois Molins.

Atacante identificado

O agressor morto era um francês de 39 anos, Karim Cheurfi, residente em Chelles, um subúrbio 18 km a leste de Paris.

Conhecido da polícia e da justiça, passou 14 anos na prisão, período durante o qual “não apresentou sinais de radicalização islâmica”, observou François Molins.

O homem parece ter agido sozinho, mas as investigações estão em andamento para estabelecer a forma como ele obteve armas e “qualquer cumplicidade”.

Seu passado judicial levanta questões.

Cheurfi foi condenado em 2005 a cinco anos de prisão por tentativa de assassinato, quatro anos antes, por ferir gravemente um cadete da polícia e seu irmão. Após sua detenção, novamente feriu um policial, na cadeia.

Em 2008 e 2009, foi novamente condenado por violência na prisão.

Finalmente, em julho de 2014, recebeu uma pena de quatro anos de prisão, dois anos de liberdade condicional, por roubo agravado.

Libertado em outubro de 2015, voltou a ser alvo das autoridades em janeiro de 2017: os serviços de inteligência descobriram que ele havia tentado obter armas e queria atacar policiais.

Foi preso provisoriamente em 23 de fevereiro e sua casa foi revistada. A polícia encontrou facas de caça, máscaras e uma “câmera GoPro”, mas nenhum traço de consultas a sites extremistas.

As provas “não eram suficientes” e sua detenção foi revogada, observou o procurador.

No entanto, em vista de seus antecedentes criminais, a secção antiterrorista da procuradoria de Paris abriu uma investigação em 9 de março. Três pessoas próximas ao agressor permanecem sob custódia nesta sexta-feira à noite.

Reivindicação extremista

O ataque foi reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI), responsável pela maioria dos ataques que fizeram 238 mortos desde 2015 na França.

O autor do ataque na avenida Champ Elysées, no centro de Paris, foi apontado pelo EI como sendo Abu Yussef, o Belga, um dos combatentes do Estado Islâmico”.

Mas esta reivindicação é questionável, uma vez que a identidade não bate com a do atirador francês na Champs Elysées.

Policiais visados

Os policiais e os militares têm sido alvos privilegiados dos radicalizados que, em nome da jihad, multiplicaram as ações violentas na França nos últimos anos, conforme as instruções do EI.

Em 13 de junho de 2016, um policial e sua esposa foram morto em sua residência em Magnanville, a oeste de Paris, por um homem que afirmou pertencer ao EI.