11/08/2017 - 17:30
Chegando à sexta década de existência, a grosso modo posso dizer que passei metade de meus dias sob um regime militar, autoritário, que torturava e matava aqueles que ousavam pensar diferente. A metade atual parece transcorrer sob uma democracia em adiantado estado de amadurecimento. Duas frases, no entanto, são comuns a essas etapas.
A primeira diz que esse é o País do futuro. Um futuro que insiste em não chegar, na medida em que, apesar dos números superlativos apresentados por sucessivos governos, crianças continuam nas ruas, doentes quando atendidos permanecem largados em macas estacionadas em corredores insalubres de nossos hospitais e por aí vai.
A lista de mazelas é interminável e resiste às décadas. A outra frase que marca meus quase 6.0 é a de que o País está em transição.
De fato, olhando para o retrovisor, são anos de transição. Política e econômica, social e cultural. Tudo parece estar em transição, menos a liderança do Corinthians no campeonato brasileiro. E essa eterna transição, que deveria significar dinamismo, transformação, evolução, desenvolvimento etc, no nosso caso tem se traduzido em absoluta paralisia. Planos familiares e projetos pessoais vêm sendo adiados, sempre com a justificativa de “vamos esperar para ver o que vai acontecer”. Muitos deixam de fazer viagens, outros arquivam o sonho da casa própria ou do imóvel no campo. Empresas deixam de investir, a educação é negligenciada e tudo fica absolutamente parado. Sem presente, compromete-se o futuro. Que transição é essa? Estamos indo de onde para onde? O que esperamos do Brasil? Que Nação deixaremos para as próximas gerações? O governo não apresenta um horizonte claro. Fala em reformas, e elas são necessárias, é evidente, mas não sinaliza para um projeto maior de País. A oposição então, nem conta. Quando muito consegue rabiscar um projeto de poder, jamais de Brasil. É essa ausência de planejamento, de definições que difere o Brasil paralisado do Corinthians que caminha rumo a mais um caneco.
No meio dessa transição que paralisa, me entristece sobremaneira constatar que os jovens estão, cada vez mais, optando por deixar o Brasil para estudar e viver no Exterior. Não que esse seja um fenômeno novo. Pelo contrário. O problema é que há alguns anos saía-se do País com o intuito de se qualificar e voltar melhor preparado. Hoje não. A maioria dos jovens que consegue se colocar lá fora não carrega na bagagem um desejo de retorno. O Brasil precisa rapidamente dizer que transição está fazendo.
É a ausência de planejamento e de definições que difere o Brasil paralisado do Corinthians que caminha rumo a mais um caneco