Já não importa muito se governos de países europeus acolhem ou não imigrantes. A Europa vai de braçadas em direção à extrema direita, e o risco maior, similar ao que precedeu o estouro da II Guerra Mundial, é que grupos radicais e fanáticos se organizam fortemente e agem à margem da política oficial de seus governos. Nada mais sombrio, nesse cenário, do que a navegação pelo Mediterrâneo do navio C-Star, amedrontando a costa da Líbia. Nele há ativistas anti-imigração, grupos racistas da Alemanha, França e Itália, que, por iniciativa própria, estão dispostos a impedir por todos os meios que botes ou embarcações levem imigrantes ilegais à Europa. Como se vê, é de fato a repetição do que houve, em terra, pouco antes da II Guerra, quando milícias privadas passaram a barrar a circulação de judeus. O C-Star navega com a bandeira da Mongólia, ganhou o mar sob o comando do grupo de extrema direita Geração Identitária, tem quarenta metros de comprimento e leva faixas com dizeres assustadores: “parem o tráfico de seres humanos”; “vocês não farão da Europa suas casas”. A facção Identitária acusa as ONGs SOS Mediterrâneo e Médicos Sem Fronteiras, que se dedicam ao resgate e salvamento de refugiados, de incitarem os estrangeiros a seguirem para a Europa. A presença do C-Star viola frontalmente o direito internacional de ir e vir, sobretudo daqueles que foram eleitos como adversários, ou seja, os que partem do continente africano. Alguma providência será tomada? Claro que um governo aqui, outro ali, protestará contra esse navio fantasma. Isso será o suficiente para retirá-lo da água? Não. Ao contrário, em breve, muito em breve, outros C-Star estarão apavorando os mares.

300 MILHÕES

de usuários servidos por somente 3 funcionários. Esses são os impressionantes números do aplicativo árabe Sarahah, que em português significa honestidade. A plataforma viralizou na internet, sobretudo porque permite enviar mensagens anônimas. Está no topo do ranking das mais utilizadas em cerda de 30 países. No Brasil, ocupa a 9ª posição.

SOCIEDADE
O retrato do Rio de Janeiro

Pablo Jacob

Vieram de um blog e de uma fala do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, a perfeita definição do Rio de Janeiro e a justa reivindicação das Forças Armadas. Do blog: a presença dos militares “não é sinônimo de segurança, é sinônimo de falência do estado”. Da boca do comandante: ”é preciso dar segurança jurídica aos militares”, que não podem ser jugados pela Justiça comum se matarem alguém em tiroteio. Assim que as Forças Armadas saíram, uma turista inglesa foi baleada (é a falência do governo). A PM agora trabalha atrás de blocos de concreto (é o medo de estar sem o apoio do Exército, que, a rigor, nem pode atirar porque não tem poder de polícia).

MEIO AMBIENTE
Mariana engole a lama. A seco

Divulgação



O maior acidente ambiental da história do Brasil não tem culpados. Quer dizer: tem, mas uma discussão sobre a validade de provas fez com que a Justiça Federal interrompesse o processo criminal que tornava rés vinte e duas pessoas e as empresas Samarco, Vale, BHP Billiton e VogBR, acusadas de responsabilidade pelo rompimento de uma barragem de rejeito de minério de ferro. A cidade mineira de Mariana e outras da região foram varridas do mapa (dezenove pessoas morreram). O processo acaba de ser anulado porque a Samarco alega que foram feitas interceptações telefônicas fora do período determinado pela Justiça. O MP diz que tais escutas não entraram no conjunto probatório.

BRASIL
Propina até dos mortos, vereador?

reprodução

Quando você pensar que já viu tudo em matéria de corrupção no Brasil, seja mais humilde: ainda não viu nada. Quer ver? O vereador Gilberto Lima de Oliveira Sobrinho (foto), do Rio de Janeiro, foi preso sob a acusação de cobrar propina para liberar corpos do IML na cidade carioca de Campo Grande (na vida ou na morte, ela, sempre ela, a propina). O vereador é acusado de ter embolsado em um ano cerca de R$ 1,8 milhão. Nessa roubalheira foi preso também Sérgio Miana, diretor do Instituto de Criminalística Carlos Éboli. Corpos que não precisavam passar pelo IML eram para lá desviados para que a quadrilha pudesse extorquir familiares: “ou paga ou o seu parente apodrece sem sepultura”.

Istoé

João Castellano/Istoe

O presidente do Brasil, Michel Temer, o ministro Moreira Franco, os assessores Elsinho Mouco e Luciano Suassuna e o porta-voz, Alexandre Parola, visitaram na semana passada o Grupo de Comunicação Três, onde foram recebidos pelo presidente executivo, Caco Alzugaray (à esq., o terceiro).