Numa salinha do consulado da Albânia, em Monza, norte da Itália, um mercador de obras de arte está com um par de quadros avaliados em 27 milhões de euros. Os trabalhos pertencem a dois dos pintores mais valorizados do mercado, o holandês Rembrandt van Rijn (1606-1669) e o francês Pierre-Auguste Renoir (1841-1919). Lá, o vendedor se encontra com dois abastados judeus ortodoxos. Eles são membros da representação albanesa e estão interessados em enriquecer sua coleção particular com pinturas dos grandes mestres do barroco e impressionismo. Documentos são apresentados e a papelada é cuidadosamente analisada e assinada. Todos se cumprimentam quando o negócio é firmado. O dinheiro ainda não trocou de mãos, mas, para comemorar a transação, os compradores oferecem um cafezinho ao comerciante, que o aceita de bom grado. Após irem à sala ao lado para buscá-lo, eles desaparecem – levando as obras. Ainda demorou alguns minutos para o mercador desconfiar que havia sido enganado e chamar a polícia, que agora está no encalço dos ladrões que perpetraram o roubo milionário no fim do mês de abril.

Suspeitas

Antes da conclusão do assalto, descrito acima, os criminosos conquistaram a confiança do vendedor. O local foi escolhido a dedo. No mesmo prédio onde a história aconteceu fica o consulado da Albânia, mas a sala em questão era alugada. A data do roubo e a identidade do comerciante não foram reveladas pela polícia, assim como os quadros levados. As autoridades colocaram as pinturas num banco de dados de obras desaparecidas, que conta com oito Rembrandts e nove Renoirs. Segundo especialistas consultados pela ISTOÉ, por meio do sistema não é possível identificar quais foram furtados por último. “Roubos de arte são cinematográficos porque os ladrões muitas vezes se inspiram em filmes”, diz Arthur Brand, investigador independente de crimes de arte. “Eles são sofisticados e raramente violentos.”

A maior suspeita é que as obras foram roubadas com o objetivo de serem repassadas a um mafioso, que no futuro poderá usá-las como moeda de troca em caso de prisão. Não está descartado, também, que a história seja uma invenção do mercador para levantar dinheiro do seguro, que pode figurar entre 20 e 40 milhões de euros.

ARTE DO CRIME
Os maiores roubos de obras, segundo o FBI