Brasil/Eleições  2003

“Estarei realizado se, ao final do meu governo, todos os brasileiros conseguirem ter três refeições por dia”, disse Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro líder sindical eleito presidente da República em seu discurso de posse em 2003, para uma plateia de 70 mil pessoas que lotavam a Praça dos Três Poderes. Nos oito anos que se seguiram, mais de 3 milhões de brasileiros entraram na classe média, foram criados 10 milhões de empregos e um quarto da população brasileira foi beneficiada por programas sociais, como o Bolsa Família.

Aplausos e acusações

Lula conseguiu cumprir parcialmente seu objetivo. Durante seu governo, o país avançou graças ao superciclo de commodities, puxado pela China. A economia também se valorizou por conta da descoberta do pré-sal. “O País se beneficiou do ciclo favorável, mas não foi só isso”, diz Renato Meirelles, 39 anos, presidente do instituto de pesquisa Locomotiva. “A política de aumento do salário mínimo e a criação de empregos formais tiveram grande peso na inclusão social.”

Para chegar à presidência, o PT de Lula publicou a “Carta ao Povo Brasileiro”, na qual se comprometeu a respeitar contratos e fundamentos econômicos do governo Fernando Henrique Cardoso, que estabilizou a economia com o Plano Real. A imagem de Lula também foi amenizada durante a campanha para agradar o eleitor conservador. Ainda como parte da estratégia da eleição, José Alencar, dono da Coteminas, tornou-se o vice-presidente na chapa.

Mesmo com os avanços sociais, porém, o governo Lula foi marcado por escândalos de corrupção, como o Mensalão e o Petrolão e pelo loteamento do setor público. Em troca de apoio às pautas do Planalto, partidos da base aliada e congressistas recebiam dinheiro e cargos públicos. Segundo as investigações da Lava Jato, os desvios destinados ao PT permitiram que o partido financiasse campanhas que o mantiveram no poder. Lula seria ainda indiciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas negou as acusações.

“A política de aumento do salário mínimo e a criação de empregos tiveram grande peso na inclusão” Renato Meirelles, 39 anos, do instituto de pesquisa Locomotiva
“A política de aumento do salário mínimo e a criação de empregos tiveram grande peso na inclusão” Renato Meirelles, 39 anos, do Instituto de Pesquisa Locomotiva