Desde que o País foi escolhido para sediar a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, os brasileiros incorporaram ao vocabulário do dia a dia o termo “legado”. Instalações esportivas, sofisticação da rede hoteleira e melhoria da mobilidade urbana seriam os tais legados deixados após as competições. Passada a Copa, ficamos com algumas arenas de primeiro mundo praticamente sem uso, os serviços de hotelaria continuam os mesmos e a sonhada mobilidade urbana virou um espetáculo de obras inacabadas.

Com a Olimpíada o receituário parece bem semelhante, embora sejam inquestionáveis as benesses da reurbanização de uma área degradada no centro do Rio. Mas nem tudo está perdido. No caso da Olimpíada, há um legado em construção que ainda temos a chance de não desperdiçar: a segurança. Nada assegura que ações terroristas não venham macular a Rio 2016, no entanto, nos últimos dias, o País mostrou que é, sim, capaz de usar serviços de informação para promover segurança pública.

O Brasil tem condições de realizar a integração entre os setores de inteligência de suas diversas polícias e até de outros países, e é essa troca de dados que permite se antecipar às atividades criminosas. Se somos capazes de agir contra o terrorismo e até nos prevenir dele, certamente também temos competência para enfrentar o crime organizado e a violência nossa de cada dia.

Ações integradas podem combater de forma eficiente o tráfico de drogas e de armas. Podem desmantelar o crime organizado que vem se federalizando, mas que insistimos em combate-lo de forma regional. Se podemos monitorar simultaneamente mais de 10 mil suspeitos de serem simpatizantes do EI, é claro que também podemos acompanhar os passos de líderes do PCC ou de outros bandos que dominam territórios nas grandes cidades do País.

Não importa o número de medalhas que venhamos a conquistar e nem os destino final das novas praças esportivas. Se quando terminarem os Jogos Olímpicos sairmos com as polícias articuladas e mantivermos essa troca de informações como base para a elaboração de uma política nacional de segurança pública, certamente daremos um gigantesco passo rumo à vitória contra a criminalildade. As bases estão colocadas e é preciso agora que nossos agentes públicos manifestem a vontade política de abraçar esse que pode ser maior legado da Rio 2016.

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