O governo Temer acabou na noite de 17 de maio quando o Brasil tomou conhecimento da delação premiada dos irmãos Batistas e dos cinco diretores da J&S. Desde então vem tentando de todas as formas se manter no poder. Tem usado nesses dois meses as armas tradicionais dos governos acuados: libera emendas parlamentares, coage deputados rebeldes às determinações do Palácio do Planalto, nomeia funcionários apoiados por políticos para importantes funções no aparelho de Estado — em suma, usa e abusa dos instrumentos de mando para a Constituição sem nenhum pudor. Os partidários do projeto criminoso de poder, parte dois, tentam demonstrar que sem Temer na Presidência as reformas não serão aprovadas e que o País, nessa hipótese, ficará ingovernável e a economia – que apresenta leves sinais de melhora – voltará ao vermelho. Os mais exaltados chegam a apontar um cenário de guerra civil, como se Temer fosse o homem escolhido pela Providência Divina para conduzir o Brasil à Terra Prometida.

Há também aqueles que insistem em retirar do baú da história recente do nosso País os fantasmas do PT e mais especialmente o de Lula. Nesse caso, o perigo representado pela queda de Temer seria o retorno do PT ao poder, como se isso fosse algo imediato e eleitoralmente inevitável. É a velha falácia, tantos anos utilizada pelo PSDB: como não queria lutar, transformava Lula e o PT em adversários invencíveis. Assim justificava a falta de combatividade e o desinteresse por enfrentar o partido mais criminoso da história do Brasil – e não faltam exemplos para justificar tal afirmação. Nada indica que o PT tenha a força eleitoral apresentada nas últimas eleições presidenciais – basta recordar a fragorosa derrota no pleito municipal de outubro do ano passado nos principais colégios eleitorais.

Não faltam também argumentos que buscam um contorcionismo ético no campo da propina. Para alguns uma mala recheada de reais é irrelevante frente ao petrolão. Eu já ouvi a afirmação: “O que é uma mala frente ao superfaturamento de um navio-sonda? Um Loures é insignificante perto de um Barusco.” É insustentável no campo democrático e constitucional a permanência de Michel Temer no Palácio do Planalto. Mantê-lo a qualquer preço desmoraliza ainda mais a frágil democracia tupiniquim. Quanto mais rápido sair, melhor para o Brasil.

É insustentável no campo democrático e constitucional a permanência de Michel Temer no Palácio do Planalto. Mantê-lo a qualquer preço desmoraliza ainda mais a frágil democracia tupiniquim


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