A ex-primeira-dama Marisa Letícia está entre os 400 mil brasileiros que a cada ano são vítimas de acidente vascular cerebral (AVC), doença grave que pode matar ou deixar sequelas sérias, entre elas o prejuízo ao funcionamento de funções como a coordenação motora ou a cognição. Na terça-feira 24, a esposa do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva sentiu-se mal em casa, em São Bernardo do Campo, e foi levada ao Hospital Assunção, na cidade. Dali, foi logo transferida para o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, instituição de primeira linha onde ela e Lula se tratam há bastante tempo.

Marisa sofreu um AVC hemorrágico após a ruptura de um aneurisma. Trata-se de uma malformação em um vaso sanguíneo que pode se romper depois de um pico na pressão arterial. Hipertensa, a ex-primeira dama chegou à marca de 23 x 12. Esse tipo de acidente provoca sangramento entre o cérebro e a aracnóide, uma das três membranas que compõem as meninges (responsáveis pelo revestimento e proteção do sistema nervoso central). Aproximadamente 15 mil ocorrem por ano no Brasil.

SINAIS DE ALERTA

É dos mais sérios. “Cerca de 10% dos pacientes morrem antes de chegar ao hospital. E outros 30% não sobrevivem, apesar do tratamento”, afirma a neurologista Sheila Martins, presidente da Rede Brasil AVC, organização que tem por objetivo aprimorar os cuidados em relação à doença.

O atendimento prestado à Marisa seguiu o protocolo. Primeiro, a ex-primeira-dama foi submetida a um procedimento de emergência que promove a embolização e fechamento do aneurisma para que o sangramento seja contido. Sedada, foi mantida na Unidade de Terapia Intensiva. Na madrugada da quarta-feira 25, os médicos detectaram a necessidade de nova intervenção: a introdução de um cateter em sua cabeça para medição da pressão intracraniana. Até a quinta-feira 26, a ex-primeira-dama era mantida em coma induzido por meio de medicamentos. Seu quadro continuava grave, mas estável.

A esposa do ex-presidente Lula sabia ser portadora de um aneurisma havia dez anos. Ela tinha recebido a recomendação de acompanhar sua evolução e adotar hábitos saudáveis para controlar a hipertensão. Segundo os critérios médicos, aneurismas com menos de 7 milímetros devem apenas ser monitorados. Caso estejam crescendo ou o paciente apresente condições que elevam o risco de ruptura (hipertensão, tabagismo, idade e história familiar), pode ser preciso tratá-los. Malformações maiores devem receber tratamento (embolização ou cirurgia com fechamento do aneurisma).

As pessoas que precisam ficar atentas e para quem exames podem ser indicados são as que apresentam história familiar de hemorragias subaracnóides ou aneurismas ou as que manifestam dor de cabeça súbita e aguda em um mesmo local. “Sintomas dessa hemorragia não são simples de reconhecer”, alerta a neurologista Sheila Martins. “O mais importante, e mais comum, é a dor de cabeça explosiva, de início súbito, que o paciente descreve como a pior dor que ja teve. Pode estar associada a vômitos e sonolência, confusão e até coma”, esclarece a médica.

Há outro tipo de AVC hemorrágico, ocorrido no interior do cérebro, e não em seu entorno. Neste caso, a pressão alta também é o principal fator de risco. Além desses, há o AVC isquêmico. São provocados pelo entupimento, por coágulo, dos vasos que irrigam o cérebro. Os fatores de risco para esse gênero são hipertensão, diabetes, obesidade e fumo.

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