Gráfico com biografia de Dilma e Temer - AFP
Gráfico com biografia de Dilma e Temer – AFP

A última etapa do julgamento do impeachment da presidente Dilma Rousseff, que pode colocar fim a seu mandato, começou nesta quinta-feira.

Estes foram os momentos-chave de um processo que arrastou o Brasil para sua pior crise política em décadas:

2015:

— 2 de dezembro —

O presidente da Câmara de Deputados e arqui-inimigo de Dilma, Eduardo Cunha, aceita o pedido de impeachment. Para Dilma e seus aliados trata-se de uma vingança porque o Partido dos Trabalhadores (PT) apoiou a suspensão do mandato de Cunha por ocultar contas bancárias na Suíça.

— 7 de dezembro —

Em uma carta, o vice-presidente Michel Temer nega ter sido “um vice-presidente decorativo” e afirma que nunca teve confiança em sua companheira de chapa. É o primeiro sinal de ruptura.

— 8 e 9 de dezembro —

Os deputados formam uma comissão para analisar o pedido de impeachment. Em votação secreta, a oposição consegue a maioria de membros da comissão.

— 17 de dezembro —

O Supremo Tribunal Federal ordena que o processo recomece por irregularidades na eleição da comissão e estabelece que o Senado terá a última palavra sobre a abertura do julgamento. Com as regras definidas, o Congresso entra em recesso.

2016:

— 4 de março —

A polícia faz buscas na casa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o leva a depor para determinar se cometeu crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da monumental fraude na Petrobras. O episódio volta a esquentar a crise política.

— 13 de março —

Mais de um milhão de pessoas saem às ruas em cidades de todo o Brasil ao grito de “Fora Dilma”. Descontentes com a recessão econômica e as escandalosas revelações da Petrobras, os manifestantes pedem a saída da presidente.

— 16 de março —

Lula é nomeado ministro chefe da Casa Civil. Horas depois o juiz Sérgio Moro, que investiga o escândalo da Petrobras, divulga à imprensa a gravação de uma conversa entre Dilma e Lula que indicaria que a nomeação buscava conceder foro privilegiado a Lula para livrá-lo da justiça ordinária e de uma eventual ordem de prisão.

Milhares de manifestantes saem às ruas para protestar contra sua designação.

— 17 de março —

Lula é investido como chefe da Casa Civil, mas um juiz suspende sua posse. Os deputados retomam o processo de impeachment contra Dilma e formam novamente a comissão que analisará se existem motivos para seguir adiante.

– 19 de março –

Manifestações convocadas pelo PT e por sindicatos “em defesa da democracia” reúnem 267.000 pessoas – segundo a polícia – em 55 cidades.

— 22 de março —

Dilma diz: “Nunca renunciarei” e denuncia um “golpe de Estado”.

— 29 de março —

O PMDB, principal aliado do governo de Dilma, abandona a coalizão de governo e gera uma debandada de outras forças aliadas.

— 11 de abril —

A Comissão de Deputados aprova a recomendação de seu relator favorável ao processo de impeachment.

— 12 de abril —

A presidente acusa Temer de “traição” após a divulgação de um áudio no qual ele encara como certa a vitória do impeachment e ensaia seu discurso de posse.

— 17 de abril —

A Câmara dos Deputados aprova a abertura do processo de impeachment de Dilma em um dia de votação que incluiu gritos, empurrões, cuspes, insultos e votos dos legisladores proferidos em nome de Deus, de seus filhos, de seus netos e de seus eleitores.

— 6 de maio —

A Comissão de impeachment do Senado recomenda que Dilma seja suspensa e submetida a um julgamento de impeachment.

— 12 de maio —

Dilma é suspensa pelo Senado após uma longa sessão com 55 dos 81 votos possíveis a favor do impeachment.

A presidente deixa o Palácio do Planalto e Temer apresenta seu gabinete, questionado pela ausência de mulheres e negros. As primeiras medidas indicam uma guinada nas políticas do governo.

— 25 de maio —

A Comissão de impeachment do Senado recolhe provas, ouve testemunhas e instrui o caso para determinar se há razões para que Dilma seja julgada.

— 14 de junho —

Dilma revela que negocia um pacto político que incluiria um plebiscito para adiantar as eleições se escapar do julgamento de impeachment.

— 7 de julho —

Asfixiado por acusações de corrupção, Eduardo Cunha renuncia à presidência da Câmara de Deputados e se afasta da cena pública.

— 4 de agosto —

Um dia antes da abertura dos Jogos Olímpicos do Rio, a Comissão do Senado aprova submeter Dilma Rousseff a julgamento.

— 5 de agosto —

Temer é vaiado por uma multidão no Maracanã na abertura dos Jogos.

— 10 de agosto —

Após mais de 15 horas de debate, o Senado aprova por 59 votos contra 21 abrir um julgamento de impeachment contra Dilma. O julgamento começa no dia 25 e se estende até o fim do mês.